As eleições municipais de 2012 provavelmente devem opor pessoas com poucas ou nenhuma ideia nova para oferecer aos eleitores. Isso decorre do fato de as escolhas de candidatos – e de resto toda a política brasileira – terem se convertido em um grande espetáculo de entretenimento ou em uma sucessão de embates em que o que menos importa é expor algo realmente importante para as pessoas.
Convenhamos que é malhar em ferro frio pedir que os homens e mulheres que postulam os votos dos cidadãos se disponham a apresentar ideias e propostas de trabalho. Não se exige deles que propugnem a criação de cidades-paraíso, porque isso será sem dúvida uma mentira. Contudo, é de se esperar que candidatos a vereador assegurem que vão fiscalizar as contas do prefeito e que candidatos a este cargo ao menos se comprometam a aplicar o dinheiro público com correção e transparência.
Não poderiam nem deveriam ser parte do discurso de candidatos coisas como os cinco princípios básicos da administração pública, cujas letras iniciais formam a palavra limpe: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Isso é mera obrigação do gesto, assentada na Constituição. No entanto, avacalhou-se tanto a administração pública com ações nada edificantes que cumprir o que está constitucionalmente disposto virou um enorme diferencial na escolha dos melhores candidatos à gestão do dinheiro público.
Bem, mas se cumprir dispositivos constitucionais é uma obrigação, o que poderia nos oferecer um candidato que se propusesse a ir além da obrigação de cumprir normas? Bem, para começar pode-se pedir que os gestores assumam o compromisso máximo de se fazerem eficientes, o que implica em planejar melhor as ações e gastos, usar recursos de modo racional, gerir o dinheiro do contribuinte para estimular o progresso econômico e o avanço social.
Possivelmente, a eficiência do gestor deva ser o seu princípio mais importante, porque ninguém pode ser eficiente se não administrar dentro da legalidade, sem estabelecer privilégios ou atender a favores, o que implica em absoluta moralidade e transparência com a coisa pública. É isso que fará, aliás, um prefeito melhor – desde que o eleitor perceba no candidato a disposição de ser diferente o bastante para apenas cumprir normas que estão escritas na Constituição Federal.
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