quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Como era bom aos domingos (I)


O texto alongado e apurado pertence ao literato José Elmar de Melo Carvalho (Campo Maior, Piauí, 1956). Discorre – como se há de verificar -, do livro biográfico “Como era bom aos domingos”, do escritor Gustavo
Fortes Said (Teresina, Piauí, 1971). Doutor em Comunicação, Gustavo Said, professor laureado da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), não se afastou das linhas verazes colocadas no livro que, em mais de trezentas páginas (328), vem mostrando as peripécias do jornalista, radialista e professor Carlos Said (Teresina, Piauí, 1931), apelidado Magro de Aço pela popularidade alcançada com reconhecimento popular. Portanto, epopeia biográfica – do começo ao fim -, justificando as prerrogativas do Elmar Carvalho.

“Enquanto esperava minha vez de ser atendido pelo oncologista e cirurgião Gil Carlos, em consulta de rotina, fui até a casa do amigo Carlos Said, que fica nas imediações da clínica. Como sempre acontece, fui recebido
com alegria e apreço pelo Magro de Aço. Entabulamos rápida conversação, em que falamos de futebol e de livros. No momento de minha chegada, estava ele lendo o livro de caráter memorialístico “Fidel e Raúl, meus
irmãos”, com depoimento de Juanita Castro concedido à jornalista Maria Antonieta Collins, que pôs imediatamente de lado, sem expressar nenhum indicativo de que ficara contrafeito com a interrupção, embora seja ele um leitor compulsivo.

“Na conversa, falamos de um antigo programa radiofônico, intitulado Reminiscências Esportivas, que ele apresentava nas manhãs de domingo na Rádio Pioneira de Teresina, em que focalizava grandes craques do futebol brasileiro e piauiense. Ouvi algumas de suas apresentações, através das quais tomei conhecimento, pela primeira vez, de importantes futebolistas. Carlos Said apresentava uma síntese biográfica do atleta, seu estilo e principais características, seu biótipo e peculiaridades, e, algumas vezes, o contexto esportivo da época. Com a sua memória fabulosa, segundo fiquei sabendo, alguns dos programas eram feitos de improviso, ou quase na base do improviso, sem titubeios, equívocos e impertinências.

“Tendo sido ele goleiro do River por cerca de duas décadas e tendo eu jogado nessa posição em minha juventude, e algumas vezes na idade madura, invariavelmente falamos nos grandes goleiros do Brasil e do Piauí. Em termos nacionais, a sua preferência recai sobre o grande e injustiçado Barbosa. Entre os principais goleiros piauienses, ele cita o Coló, do Caiçara de Campo Maior, e o parnaibano Raimundo Boi (não confundir com o Mário Boi, também golquíper e parnaibano).

Sobre os dois, já teci comentários em meu livro “O pé e a bola”, em que discorro sobre o futebol campomaiorense e parnaibano. “Entre as curiosidades e excentricidades de alguns craques, falou sobre o goleiro flamenguista Morcego, do futebol teresinense, de quem eu não ouvira falar. Disse-me ele que esse guarda-meta, ao efetuar uma “ponte” ou “voada”, encaixava a bola no peito, com o auxílio de apenas um braço, e com o outro se dependurava no travessão da “meta”, no qual, como um verdadeiro malabarista circense, conseguia fazer uma evolução e ficava de cabeça para baixo, como um morcego, de que lhe adveio a alcunha. Através do empresário e dirigente esportivo, Cesarino Oliveira soube, tempos atrás, que o grande goleiro Hindemburgo, do Flamengo, quando de ressaca, costumava repousar sobre o travessão de um
dos “gols” do estádio em que iria jogar”.



CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

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