terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Greve inoportuna


Professores da rede estadual de ensino iniciam o período letivo cruzando os braços e deixando milhares de estudantes sem aula. O movimento paredista, cujo fito essencial é conseguir maiores ganhos salariais, terminará por causar dano a uma massa de pessoas cujo futuro poderia estar sendo melhor forjado em um sistema de ensino mais adequado.

Os professores reivindicam um reajuste linear de 22% sobre remunerações que no ano passado já tiveram aumento – não tão grande, é verdade, mas suficiente para, no conjunto da expansão de dispêndios com servidores, acumular 22,75% entre 2010 e 2011. Então, a greve ocorre em meio a uma conjuntura de dificuldade para o acolhimento de uma reivindicação que representará uma expansão de despesas incompatível com a receita – em processo de estagnação desde 2009.

Muito provavelmente, os dirigentes sindicais dos servidores irão esticar a corda ao ponto máximo. Ao governo, com espaço de negociação reduzido por dificuldades de caixa, não restará alternativa que não a de esperar que o cansaço tome conta do movimento dos servidores da Educação. Ruim para todos, mas pior para o alunado, que, mais uma vez, pagará a conta de uma disputa na qual suas demandas e prioridades estão longe de ser consideradas.

A greve em curso certamente não poderia ser evitada, mas possivelmente se pudesse melhorar a pauta de reivindicações – algo como incluir nas negociações pontos sobre novos mecanismos remuneratórios, que incluíssem produtividade do professor e rendimento dos estudantes em provas de avaliação nacional, bem assim em redução de indicadores como evasão e repetência.

Está-se diante de uma situação em que a concessão de reajuste salarial linear encontra uma impossibilidade financeira difícil de ser transposta. Então, é razoável que se busquem meios de garantir ganhos a maior para quem produz mais, para os professores que, graças ao seu esforço e mérito, conseguem obter melhores resultados em sala de aula.

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