segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Grécia


Não é de hoje que as pessoas ajudam as outras. Não é de hoje que governos socorrem bancos “falidos”.

Nem é de hoje que países ricos e/ou emergentes ajudam outros que por motivos outros “quebram”. O acordo alcançado entre os ministros das Finanças da Zona do Euro, com o objetivo de garantir a segunda
parcela do pacote de 130 bilhões para a Grécia, foi importante para que o país não incorra em risco de calote. “Embora o acordo elimine esse risco imediato, suspeitamos que ainda é muito aquém do necessário para garantir sustentabilidade para a dívida grega no médio prazo. Além disso, os riscos de implementação ainda continuam altos com o progresso do acordo com os credores privados, a proximidade das eleições e a necessidade contínua de executar reformas estruturais em um momento de contração econômica e a insatisfação da população”.

A principal diferença para este segundo resgate é o comprometimento legal grego requisitado para separar as despesas ligadas à dívida do país dos gastos regulares. O documento do acordo firmado entre os ministros europeus afirma que a presença permanente de uma comissão da União Europeia é essencial para monitorar e coordenar as reformas demandadas. Porém toda a comunidade do “euro”, num total de 13 países, deve ter se sentido como Troianos ao receberem literalmente este “presente de grego”. Esta questão de “socorro” por aqui na terra Brasilis já foi prontamente praticada. Lembrem-se dos PROEs da vida.

Para quem tem pouca memória: na madrugada do dia 4 de novembro de 1995, o
governo federal redigiu a Medida Provisó-
ria (MP) número 1.179, publicada no Diário
Oficial (DO) da União na segunda-feira
subsequente. O teor da MP era o que muitos dos analistas e especialistas do mercado financeiro classificaram como “solução
tardia” para a situação do sistema financeiro nacional: o Programa de Estímulo à
Reestruturação e ao Sistema Financeiro
Nacional (Proer). A medida, transitória,
veio para responder à nova realidade advinda com o Plano Real e promover o enxugamento do sistema financeiro através de
fusões entre bancos, bem como aquisições,
reorganizações societárias, e reestrutura-
ção de instituições. A medida serve tanto
para bancos de varejo (com grande número de correntistas e agências e que atendem ao grande público) que estão com problemas de liquidez como para instituições
financeiras que sonegam impostos, devem
ao Instituto Nacional de Seguridade Social
(INSS) e ao Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço (FGTS), ou que estão inscritos
no Cadastro de Inadimplentes (Cadim).

O Plano Real, que entrou em vigor em 1º de julho de 1994, reduziu a volatilidade dos mercados e a inflação, de cerca de 50% ao mês antes desta data, para menos de 2% nos meses seguintes, provocando alterações exorbitantes na cultura do País. Os bancos tiveram que se adaptar à nova mentalidade e se adequar à perda da receita inflacionária (float de 30% ao mês, em média). Muitas instituições de grande porte não conseguiram se encaixar nesse novo panorama e ameaçavam uma “quebradeira generalizada”. Só não foi colocado que muitos bancos ludibriaram correntistas, desviaram o dinheiro para paraísos fiscais, declararam moratória, se diziam falidos e foram pedir “socorro financeiro”. Este PROER foi à época do PSDB e agora
que o PT fez aniversário deveria socorrer os “trabalhadores” de uma quebradeira iminente. Portanto esperemos que toda a Grécia diga em alto e bom tom: “muchas gracias”, por este presente de Euro e que
todos os gregos fiquem de A(n)tenas.



JOSÉ GREGÓRIO DA SILVA JÚNIOR
FUNCIONÁRIO PÚBLICO/PROFESSOR

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