quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Pesquisa e economia


O incêndio e praticamente a destruição da base de pesquisas do Brasil na Antártida expôs uma realidade: os investimentos públicos em pesquisa andam caindo pelas tabelas. A agudez de um episódio que deixou dois mortos e comoveu o país talvez nos sirva de lição e alerta para a necessidade de se promover maior aporte de recursos públicos para pesquisa, bem assim de se estabelecer parcerias público-privadas com o mesmo fim.

Apesar de ser uma das economias mais importantes do mundo, o Brasil é um dos países com menor taxa de registro de patentes entre as nações mais ricas e de economias emergentes. Isso é resultado direto da ausência de recursos garantidos em orçamentos públicos, sejam do governo federal ou dos governos locais. É lamentável que não se olhe para a pesquisa científica como uma fonte de formação de ativos e de expansão econômica. Ainda mais quando sobejamente se sabe que o país só ampliou sua produção de petróleo em águas profundas em face de pesquisas ou ainda que a invejável posição como grande produtor agropecuário se deve à atuação da Embrapa e de seus diligentes pesquisadores.

Além da falta de recursos para pesquisa, tem-se ainda uma série de problemas gerenciais. Um deles está na ausência de uma rede de interlocução e compartilhamento de informações – aliás uma recorrência no Brasil, país em que bases de dados das polícias Judiciário e Ministério Público não estão interligadas, do mesmo modo como pesquisas desenvolvidas em universidades e outros centros de excelência não estão acessíveis a pesquisadores que estão desenvolvendo estudos similares. Isso resulta em desperdício de esforços e atrasos no aprimoramento de alguns conhecimentos.

É adequado, então, que além de mais recursos para pesquisas que possam se reverter em crescimento econômico e preservação de ativos ambientais, o país tenha um gerenciamento e uma logística do conhecimento que se está produzindo. Por gestão atabalhoada e falta de dinheiro, certamente poderemos pagar um preço elevado demais no futuro.

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