quinta-feira, 1 de março de 2012

Chance perdida


Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), uma poderosa máquina de fazer dinheiro, com faturamento anual estimado em R$ 200 milhões, conseguiu se manter no cargo de presidente da entidade. Em assembleia dos presidentes das federações estaduais de futebol foi decidido, por unanimidade, a continuidade do longo reinado de Teixeira.

Nunca como agora houve chance melhor para se avançar no futebol brasileiro: Ricardo Teixeira perdeu apoio entre seus pares e no governo da presidente Dilma Roussef ele é malquisto, mas as denúncias de irregularidades, apesar de o enfraquecerem, mesmo assim não abriram a possibilidade de se mudar o comando da CBF para dar à entidade um pouco de transparência – material que nunca foi muito comum no futebol brasileiro.

O problema é que Teixeira está presidente de uma entidade cujo poder se baseia em troca de favores. Os que elegem o mandatário do futebol brasileiro são presidentes de federações estaduais que têm na folha corrida muitas acusações e quase nenhum serviço prestado ao esporte. Aliás, em muitos Estados, os chamados ‘cartolas’ deveriam ser chamados de coveiros, porque enterraram o futebol, reduzindo as competições estaduais a uma triste exibição de peladas.

Uma vez que não existe transparência e que a gestão é, por isso mesmo, ruinosa, o futebol brasileiro cresce feito rabo de vaca, para baixo. Um bom exemplo disso é que a seleção de futebol, que era um exemplo para o mundo, amarga uma sétima posição no ranking da Fifa. Em apenas 11 dos 27 Estados brasileiros o futebol é um esporte digno de nota. Não é sem razão que nem com todo talento o esporte consegue encher estádios – mesmo onde existem competições mais organizadas e acirradas.

Mudar o futebol brasileiro significa retirar de campo figuras perniciosas que só concorrem para piorar o estado de coisas em que essa paixão nacional foi colocada. Não é tarefa fácil e nem foi possível realizá-la agora, a toque de caixa. Contudo, já passa da hora de dar cartão vermelho para dirigentes que empobrecem o futebol, mas que, segundo um crescente número de denúncias, ganham muito com isso.

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