quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Lero-lero


Conversa mole entre literatos é sempre motivo para discussões. Acaba - sempre - na publicação de livros.

Assim, o “Lero-lero” literário está merecendo elogios. Entre pessoas de boa prosa sem perder a graça, a destacada escritora Maria Dilma Ponte de Brito (Parnaíba, Piauí), estendeu uma maneira natural de escrever construindo a ponte de conversação popular com Moacyr Jaime Scliar (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1937-2011), famoso escritor e médico sanitarista. Scliar, adepto do papear, consolidou a farta inteligência da incrível parnaibana porque estabelecera o conceito de ser Maria Dilma uma mulher atirada constantemente ao “bater miudezas” com os amigos.

O “Lero-lero” é convidativo para leitura conveniente aos desejosos da participação ágil do positivo e na compilação de frases ou no modo da locução expressiva. Isto é, na maneira de dizer. Logo no prefácio, justo
que tivemos a contagiante alegria da conversação entre colegas. Razão do conhecido literato Homero Ferreira Castelo Branco Neto (Amarante, Piauí, 1944), explicar com sobriedade: “O livro é o lero-lero de Maria Dilma Ponte de Brito, de hoje, olhando o dia de ontem. Amanhã, certamente, estará com novos olhares talvez à cata de exteriores”.

Por isso, é que no lero lero habituado ao trato diário com as pessoas, tagarelando aqui e ali, acolá presente, a declaração de Steve Jobs, empresário norte-americano, fundador da Apple Inc. (1955-2011) é, além de impressionante, a mais adaptada ao convívio de Maria Dilma Ponte de Brito com todos os escrevinhadores: “Muitas vezes as pessoas não sabem o que querem até que mostremos a elas”. E como a cada minuto precisamos resolver o que vamos fazer no minuto seguinte, eis aqui e então, a racionalidade do levezinho
do primeiro parágrafo da crônica: “Você informa?”, estampada na página 23, do livro de Maria Dilma, livro que não tem nada de jactancioso: “Nos tempos modernos, o homem não tem muito tempo para grandes
diálogos. A conversa tem que ser objetiva e sucinta. Até já me disseram que os livros de crônicas são os mais lidos nos dias de hoje, dada a facilidade de saber o começo, meio e fim de uma história. A leitura dos
grandes romances para quem tem a vida agitada ficou inviável”.

Então, e em momento aprazado, busquemos Fontes Ibiapina (João Nonon de Moura Fontes Ibiapina: Picos, Piauí, 1921- Parnaíba, Piauí, 1983), na sua afirmação de homem nordestino: “A verdade está acima de tudo”. A escritora Maria Dilma não fugiu da assertiva formidável de Fontes Ibiapina.

No “Lero-lero”, valendo como obra literária útil, a escritora parnaibana intuiu a existência de pessoas que acham que a verdade, mesmo que seja dura, deve ser dita em qualquer ocasião. Portanto, o papear é vantajoso a fim de desarmar espíritos engarrafados. Ou melhor: as partes materiais dos homens estão sem graça. Consequentemente, o respeito ao lero lero terá que se fortalecer diante das conversas encetadas no dia a dia da avalanche humana (sic).

Afinal, no rol dos espritados, estamos solidários com as palavras encaixadas no compêndio da notável escritora parnaibana.




CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

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