sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Pedaços de sentimentos


O poeta, jornalista, historiador e farmacêutico B. Pestana (Benedito Pestana, Teresina, Piauí, 1906-Altos, Piauí, 1965), obtendo incentivo de amigos, escreveu o belo soneto “Lágrima”. Ganhou elogios da Academia Piauiense de Letras (data de fundação: 30 de dezembro de 1917). “Reúna-se o ouro todo do universo,/ Os ocultos tesouros e ultramares,/ Os louros cetros, e o perfume aspersos/ Do sândalo divino dos altares;/ “A melodia harmônica do verso/ Cantando longamente entre os palmares;/ Do firmamento azul, sublime e terso/ Os mais belos e alvíssimos luares;/ “Os doces beijos da mulher amada/ No tálamo do amor e do delírio/ Ao despertar da rubra madrugada,/ “Que não valem a lágrima sentida,/ - A pérola dolente do martírio,/ Da minha santa mãe terna e querida”. Esclarecemos: o inteligente literato Benedito Pestana empregou as palavras “asperso”, “terso” e “tálamo”, intuindo: “asperso”, como “respingado; “terso”, como “polido”; e “tálamo”, como “núpcia”.

O “Alvorecer da Aleartes” é uma coletânea de textos literários de sócios da “Revista da Associação de Letras e Artes” de Simplício Mendes, Piauí. Na página 22 desse importante compêndio encontramos a poesia “Destino Trapaceiro”, da conceituada poetisa Eliane Madeira Moura Fé Dantas (Simplício Mendes, Piauí,
1957.

Atualmente morando na cidade piauiense de Picos. “O destino traça,/ Esculpe, pinta, arma, borda e enfeita/ O amor/ “O destino destraça,/ Trapaça, desarma./ Aniquila e destroça/ O que pensávamos ser amor./ “O destino recompensa,/ Consola, conforta,/ Engana e ameniza/ A dor./ “O destino abandona,/ Viaja, aventurase, alonga-se./ Sana e cicatriza/ A ferida que ficou./ “O destino brinca, ensaia,/ Encurta, cruza, testa, tropeça,/ Confrontando, propositadamente/ Aquilo que restou”.

Em “Pedaços de Sentimentos”, (livro do poeta Napoleão Lustosa, publicado em 1998), filho de Gilbués, Piauí, encontramos a sua dedicação através da poesia “Ermo”. Trabalho dirigido aos queridos pais: Altair Nogueira Lustosa e Joaquim Lustosa Sobrinho (Gilbués, Piauí, 1909- Brasília, Distrito Federal, 1997, foi atuante deputado estadual, período: 1947-1951), tempo em que assinou a Constituinte do Piauí, de 1947. Acalorado debatedor de assuntos relacionados ao progresso do Piauí, se destacou no Rio de Janeiro e em Brasília como deputado federal, período: 1959-19630. “Quando do beijo à solidão/ Derrama-se em gostas lascivas/As vidas que outrora/ Eram tão vivas-pulsantes/ “Desnudando os instantes/ Sem a piedade de rasgar o peito/ Ardente de paixão/ Pela saudade – elo de loucura/ “Tendo aos olhos esperançosos/ O ofuscar do desconsolo,/; Levando aos sentidos/ A sensação do não existir/ “Estando tudo ao redor/ Na leveza do nada/ E no peso sem medida/ De estar só – sem você”.

A extraordinária escritora e poetisa Zelinda Eliza Martins Moura (Bertolínia, Piauí, 1951), no livro de poesias “Enigma!, destacou na página 83: “Um raio de Sol”. “Um raio de sol a me iluminar./ A lembrança de um sorriso brilhante/ De um gargalhar distante./ Da ternura de um girassol/ Correndo atrás do sol./ Eu sou um girassol/ Toda em tua direção./ Ao olhar tanta beleza/ Enlouqueço de emoção/ E na doçura de um momento/ Faço-te reverência, te peço perdão./ Falo-te de ilusão, que trago no coração,/ De ser na tua vida/ Um girassol brilhando ao sol/ De ser sob teu olhar/ Um carrossel de ilusões/ Girando, girando.../ Brilhando, brilhando.../ Te amando como um girassol/ Ama o sol”.




CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

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