sábado, 25 de fevereiro de 2012

Não esqueçamos Clidenor Freitas


No dia 16 de fevereiro Clidenor completaria 98 anos se vivo estivesse, pois nascido em 1913. Era paradigma da erudição, do companheirismo, da fidalguia e do cavalheirismo. Teve sempre o seu coração elevado aos páramos da pureza das ações, da humildade dos verdadeiros heróis, da invencibilidade dos fortes e da alegria dos simples.

Clidenor sempre foi um cultor do recato, pois a genialidade é irmã gêmea da simplicidade, e ele era um gênio.

Cientista da Medicina de Freud, príncipe da Corte de D. Quixote - como foi nomeado pela acadêmica Lili Castelo Branco -, literato, cérebro da cultura humanística, filantropo, parlamentar de escol, notável chefe de família, rotariano convicto e, sobretudo, amigo sincero.

Na literatura produziu obras notáveis. Ideologia como fator determinante, que bem merecia ser impresso nos quatro cantos do mundo. Ao receber a acadêmica Lili Castelo Branco na Academia Piauiense de Letras, onde foi presidente, edificou um paradigma naquele sodalício, com Hagiologia do amor amado, o seu excelso e magnífico discurso, com o qual saudou a novel acadêmica. Em Ideologia e Circunstância, doa pensamentos e raciocínios diversificados sobre temas da mais expressiva relevância no mundo cultural.

Escreveu, ainda, entre outros, A Glória de Saraiva, - Shakespeare, Criador de Símbolos, - As Bases Psicológicas do Nacionalismo. Arimathéa Tito Filho, seu grandioso par acadêmico, acrescentou: “A grande obra cívica, espiritual, científica e humana de Clidenor está no Sanatório Meduna, um dos melhores hospitais do Brasil, que serviços do mais extraordinário valor social há prestado aos patrícios. Ele o construiu lutando contra a pobreza”. Sobre o mesmo sanatório, assim se referiu seu fraterno amigo José Sarney: “O Meduna é uma instituição exemplar, pioneira, sábia, e humana”.

De seu pequenino rincão, saiu para conquistar a glória. Se tivesse nascido na França, sob um teto da alta burguesia, frequentado a Sorbonne, Clidenor seria celebridade universal. Mas a cegonha errou o endereço e o colocou, no dia 16 de fevereiro de 1913, num honrado lar de uma modesta comunidade do simplório Piauí, às margens do imortal, pujante e sereno Velho Monge, na cidadezinha de Miguel Alves. Cursou o Liceu Piauiense, doutorou-se na ciência de Hipócrates em Recife, onde se especializou na ciência de Juliano Moreira. Seu polimento intelectual passou por Balzac, Proust, Dickens, Stendal, Flaubert, Dostoievsky, Platão, Whitman, Keats, Homero, Aristóteles, Augusto Comte, Cervantes, Somerset Maughan. Deste, classifica o livro Servidão Humana como a melhor obra escrita no Século XX.

Foi apreciador da música erudita e dos pintores notáveis. Luís da Câmara Cascudo disse que “Clidenor será sempre um credor à gratidão de todos nós”. De Clidenor fui, sempre, seu humilde amigo, seu profundo admirador, companheiro rotário e acadêmico e, sobretudo, sempre fui seu fiel escudeiro. Que Deus o tenha em Sua glória.



HEITOR CASTELO BRANCO FILHO
DA ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS

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