sábado, 2 de junho de 2012

Mais um lance incrível do PT Teresina


Há 15 dias concedi uma entrevista às emissoras de TV, oportunidade em que lancei uma chapa com Wellington Dias prefeito e Osmar Júnior de vice. Explicava que seria bom para o PT pois, em caso de vitória, além de administrar uma capital, efetivaria o deputado federal Nazareno Fonteles  na Câmara Federal,  sem perder a vaga de senador. E mais: mantido o deputado Átila na SEDUC  assumiria Antônio Neto.  Seríamos quatro deputados federais do PT.

Poucos dias depois a Executiva Nacional decidiu que deveria dar a palavra final na estratégia das cidades
com mais de 200 mil eleitores. Abriu-se uma janela para uma candidatura de Wellington Dias. E ela surgiu. Wellington Dias se apresentou. Fez diversas reuniões, com todas as tendências e, claro, causou surpresa para alguns a novidade. Inclusive, a inusitada possibilidade de uma chapa pura com o grupo que ganhou a  tese da aliança indicando o vice.

Na última sexta-feira, numa outra entrevista já dizia que, embora a Executiva Nacional pudesse definir a candidatura em Teresina, não valeria a  pena, deveria ser por acordo, por entendimento. E, por mais incrível que possa parecer, novamente, as tendências que defendem a aliança recusaram a candidatura a prefeito de Wellington Dias e a indicação de vice. Optaram por indicar o vice do PTB.

Ora, companheiras e  companheiros, infelizmente, fica claro que esses são petistas que hoje têm um compromisso maior com outra sigla. Muito maior do que com seu próprio Partido. Por isso, quero aqui repetir um apelo que tenho feito em várias oportunidades para que aqueles petistas que estão um pouco afastados se aproximem,  mesmo os simpatizantes que não sejam filiados que se filiem, pois o PT corre um grande
risco de ver avançar, sob o patrocínio do PTB, esta opção para 2014.



JESUS RODRIGUES
DEPUTADO FEDERAL (PT-PI)

Economia no estacionamento


A economia brasileira deve ter em 2012 um ano ruim – ainda que o consumo das famílias mantenha um crescimento em um ritmo bem melhor que o de outros países. Porém, o comportamento errático das economias europeias e mesmo de vizinhos como a Argentina sugere que a hora é de cautela. O consumo
das famílias tem pouca chance de se sustentar em elevação por maior tempo – sobretudo se isso exigir endividamento de longo prazo. Com isso, cria-se um cenário em que a indústria tende a retrair sua produção, o que repercutirá sobre outros setores. O pífio crescimento do primeiro trimestre deste ano -0,2% - claramente indica neste rumo.

Se as notícias para todo o país indicam que o momento não é positivo, para regiões que dependem fortemente da agro-economia, como é o caso do Piauí, mais ainda é necessário ter cautela. A economia brasileira cresceu pouco porque o setor agropecuário teve um recuo muito grande nos três primeiros meses de 2012, na ordem de 7,3%. Esse é um número que para o Piauí é mais negativo ainda.

Outro ponto é o de que com a economia em desaceleração, é mais que evidente que pode haver um recuo nas fontes de receitas que abastecem Estados e municípios. Neste sentido, é adequado que se tenha nos governos uma contenção ainda maior dos gastos ou, se não sendo possível cortes em custos fixos, que se racionalizem as despesas correntes. É medida simples, mas dura e necessária em tempos de vacas magras.

O segundo semestre de 2012 deve indicar, então, um cenário em que, sobretudo os prefeitos, precisam se esforçar para não expandir gastos. Trabalho duro em ano eleitoral, quando as pressões por obras são maiores, porque isso salva o pescoço de muitos candidatos. Porém, gastar para além do que se dispõe em caixa pode resultar em quebrar. Assim, se 2012 é um ano que se mostra ruim quando à metade dele se chega, a projeção para o  2013 não é das melhores, infelizmente.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Uma boa proibição


A liberdade de escolha tem sido a pedra de toque da indústria fumígera para combater a proibição do uso de cigarros em ambientes públicos fechados. Mas a alegação de constrangimento e colisão de direito não se sustenta diante dos números tanto grandes quanto negativos causados pelo tabagismo – que é uma doença,
não uma expressão de liberdade.

O último dado negativo e assustador sobre o uso de fumo no Brasil indica que o país gastou no ano passado R$ 21 bilhões com tratamento de pacientes portadores de moléstias relacionadas ao cigarro. Essa montanha de dinheiro equivale a toda a riqueza produzida no Estado do Piauí no mesmo período ou 30% do orçamento do Ministério da Saúde em 2011.

Nem mesmo a tributação sobre o cigarro, uma das mais elevadas no já escorchante sistema tributário brasileiro, é suficiente para cobrir os custos do uso de cigarro. Os gastos em 2011 com quem adoece por fumar representaram 3,5 vezes e meia o que a Receita arrecadou com produtos derivados ao tabaco no mesmo período.

O cigarro, revela o estudo da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), é responsável por 13% das mortes no País.

São 130 mil óbitos anuais, o que dá a impressionante marca de 14 mortes por hora, causadas por 15 moléstias relacionadas ao tabagismo.

Diante de dados tão perturbadores, a proibição do uso de cigarro e o cerco aos fumantes não são mecanismos atentatórios da liberdade. Também não é razoável a alegação de inconstitucionalidade das leis restritivas ao uso de tabaco, porque a Constituição brasileira claramente expressa o direito à vida e à saúde – que se sobrepõem ao direito de uma pessoa poluir um ambiente fechado com fumaça tóxica.

As restrições legais cada vez maiores ao cigarro tanto são benéficas à saúde e à qualidade de vida, quanto fazem bem aos cofres públicos. Quanto menos brasileiros fumarem, menores serão os gastos com as doenças relacionadas ao tabaco e esse é um argumento bastante razoável para que o Estado siga coibindo mais e mais o fumo e seus derivados.

Vida sem vida


O insigne José de Anchieta Mendes de Oliveira (Simplício Mendes, Piauí, 1931), dono duma bibliografia que honra a literatura coestaduana, atraído pela genuína musicalidade, ele mesmo ostentando o seu saxofone como pródigo instrumentista, ganhou excelente ornato musical agradável aos nossos prazeres. A lista musical do objeto é harmoniosa. Apresenta canções em gêneros variados e que ainda deslumbram o cancioneiro universal. Exemplos:

“Luzes da Ribalta”, de Charles Chaplin; “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barros; “Perfídia”, de Alberto Dominguez.

O Promotor de Justiça José Moura Gomes (colaborador da revista popular “De Repente”), em festiva solenidade tendo como local a Livraria Anchieta, em Teresina, Piauí, lançou na quinta-feira passada (31 de
maio de 2012), dois livros de sua autoria: “Vou Vencer” (auto ajuda) e “Haroldo e Maria Clara (romance). Avocando Monteiro Lobato (José Bento Monteiro Lobato: Taubaté, São Paulo, 1882-São Paulo, 1948), autor da significativa frase: Um país se faz com homens e livros, José Moura Gomes é, agora, um vitorioso escritor porque tem encarado desafios literários (prosa e verso).

Na Revista da Academia Piauiense de Letras, 1918, encontramos um excerto poético de Alcides Freitas (Teresina, Piauí, 1890-Campo Maior, Piauí, 1913), versos alexandrinos (o de 12 versos ou dodecassílabos). Evidentemente, obra d´arte literária em se comparando Alcides ao irmão Lucídio Freitas (Teresina, Piauí, 1894-1921). “Só o que vive a sofrer sabe o que é castigo!/ Só o que vive de amor sabe o que o amor nos diz/ Tu me amas, talvez... Mas atende ao que digo:/ Afasta-te de mim se queres ser feliz!... Esclarecemos: Empregamos a palavra “excerto” sob explicação de ser um fragmento de poesia pertencente ao moço Alcides Freitas.

Do “Parangolé” (conversa fiada em relato floreado), livro do poeta, romancista, historiador, dicionarista e biógrafo Adrião Neto (Adrião José Neto: Luís Correia, Piauí, 1951), buscamos a sua cartilha de termos e
expressões (regionais e de origem indígena) usada na obra literária aprovada pela crítica literária piauiense. Assim, “acender as ventas”, significa “farejar”; “botar catinga”, significa “atrapalhar”, “desestimular”; “caxiri”, significa “bebida fermentada de macaxeira ou de milho, algumas vezes acompanhada de uma batata, que dá coloração roxa”.

Em Raimundo Zito Batista (Natal, hoje Monsenhor Gil, 1887-Rio de Janeiro, 1926), a razão da indiferença entre os homens foi contemplada em piedosos versos: “Homem, para o pesar que te domina/ Só existe uma doce recompensa:/ Esquecer e perdoar qualquer ofensa/ Numa resignação quase divina./ “Também rugi de cólera assassina,/ Defendendo o meu sonho e a minha crença,/ Ninguém como eu trouxera de nascença/ Ódio tão grande à intriga pequenina/ “Hoje, porém, mais calmo e envelhecido,/ Compreendi toda a inutilidade/ Do meu rancor, talvez convencido/ “De que não vale o amor/ Por ter tido insana vaidade/ E trair aos que sentem amarga dor”.

Um dos maiores sonetos da língua portuguesa pertence ao piauiense Adail Coelho Maia (São João do Piauí, 1907-1962). Quatorze versos alcandorados incrustados na “Janela do Passado”. “Debruçado na janela do passado,/ Ao longe, distingui longos caminhos,/ Repletos de cardos e de espinhos,/ Em fileiras de um lado e de outro lado./ “Lembrei-me de mim mesmo, hoje isolado,/ Nos lugares desertos e mesquinhos,/ Qual ave a cantar fora dos ninhos,/ Num gorjeio saudoso e sufocado.../ “Se a criancinha encosta-se ao peito,/ Que sorrindo ou chorando, a sorte escrava,/ Não me permite aconchegá-la ao peito!.../ “Espelho
sou de luz amortecida;/ Foge de mim quem outrora me abraçava,/ É uma vida sem vida, a minha vida!...”





CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

A nova ordem e a força social


Maquiavel dizia: “Nada é mais difícil de executar, mais duvidoso de ter êxito ou mais perigoso de manejar do que dar início a uma nova ordem de coisas”. E o cardeal Richelieu lembrava: “O que é apresentado de súbito em geral espanta de tal maneira que priva a pessoa dos meios de fazer oposição, ao passo que, quando a execução de um plano é empreendida lentamente, a revelação gradual do mesmo pode criar a impressão de que está sendo apenas projetado e não será necessariamente executado”. Entre as trilhas abertas por esses dois grandes formuladores da ciência política, caminha o Brasil.

Quem garante que o país não tem se esforçado para abrir uma nova ordem de coisas pode estar acometido de cegueira partidária. E quem defende que o edifício das reformas já está construído - e que tudo anda às mil maravilhas - é um habitante passional do condomínio governamental. Nem uma coisa nem outra. O país faz consertos, sim, nas estruturas, mas o trabalho é lento. Nas últimas décadas, avançamos. Implantaram-se sistemas, métodos e programas voltados para o aprimoramento da gestão pública, da moralização dos padrões da política, da defesa dos direitos humanos, da igualdade entre classes e gêneros. Nossa democracia foi lapidada.

Recentemente o país instalou a Comissão da Verdade e ganhou a Lei de Acesso à Informação. No rol de mecanismos para moralizar a gestão pública, vale destacar a Lei de Responsabilidade Fiscal. É mecanismo central para barrar a gastança de administradores. Mesmo assim, a cultura moralizante baixa a conta-gotas. Na trilha dos direitos humanos e da cidadania, pode-se apontar um conjunto normativo de muita significação: a Lei Maria da Penha, a Lei da Ficha Limpa, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a lei das cotas, o dispositivo que pune empresas por estabelecerem menor remuneração para mulheres que exercem a mesma função que homens e a lei para o refugiado.

O acervo de instrumentos legais é vasto. Ao longo das legislaturas, vão ganhando reparos, passando por ajustes e se incorporando às culturas administrativa e política. Chama a atenção o fato de que a nova ordem que se esboça resulta de uma forte ação social. Essa é a boa nova. O país alarga o caminho do aperfeiçoamento das instituições sob o empuxo de uma efervescente democracia participativa, como se vê na mobilização para as audiências públicas no Congresso e as sessões do STF, cuja sintonia com a sociedade nunca foi tão afinada. O movimento das bases para o centro da política tradicional abre a perspectiva de uma sólida democracia.

Funcionando como aríete contra os vetustos bastiões que tomam assento no Congresso, os polos de poder que nascem nas vanguardas sociais forçam partidos a assumir posições inovadoras e a desconcentrar
a velha política. A s massas não desejam apenas pão e circo. Querem serviços de qualidade. Se a democracia representativa não atende ao seu clamor, levantarão com vigor a bandeira da democracia supletiva. Uma leitura dos eventos de nossa política mostra que o aviso é para valer.




GAUDÊNCIO TORQUATO
JORNALISTA/CONSULTOR POLÍTICO