sexta-feira, 1 de junho de 2012

Vida sem vida


O insigne José de Anchieta Mendes de Oliveira (Simplício Mendes, Piauí, 1931), dono duma bibliografia que honra a literatura coestaduana, atraído pela genuína musicalidade, ele mesmo ostentando o seu saxofone como pródigo instrumentista, ganhou excelente ornato musical agradável aos nossos prazeres. A lista musical do objeto é harmoniosa. Apresenta canções em gêneros variados e que ainda deslumbram o cancioneiro universal. Exemplos:

“Luzes da Ribalta”, de Charles Chaplin; “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barros; “Perfídia”, de Alberto Dominguez.

O Promotor de Justiça José Moura Gomes (colaborador da revista popular “De Repente”), em festiva solenidade tendo como local a Livraria Anchieta, em Teresina, Piauí, lançou na quinta-feira passada (31 de
maio de 2012), dois livros de sua autoria: “Vou Vencer” (auto ajuda) e “Haroldo e Maria Clara (romance). Avocando Monteiro Lobato (José Bento Monteiro Lobato: Taubaté, São Paulo, 1882-São Paulo, 1948), autor da significativa frase: Um país se faz com homens e livros, José Moura Gomes é, agora, um vitorioso escritor porque tem encarado desafios literários (prosa e verso).

Na Revista da Academia Piauiense de Letras, 1918, encontramos um excerto poético de Alcides Freitas (Teresina, Piauí, 1890-Campo Maior, Piauí, 1913), versos alexandrinos (o de 12 versos ou dodecassílabos). Evidentemente, obra d´arte literária em se comparando Alcides ao irmão Lucídio Freitas (Teresina, Piauí, 1894-1921). “Só o que vive a sofrer sabe o que é castigo!/ Só o que vive de amor sabe o que o amor nos diz/ Tu me amas, talvez... Mas atende ao que digo:/ Afasta-te de mim se queres ser feliz!... Esclarecemos: Empregamos a palavra “excerto” sob explicação de ser um fragmento de poesia pertencente ao moço Alcides Freitas.

Do “Parangolé” (conversa fiada em relato floreado), livro do poeta, romancista, historiador, dicionarista e biógrafo Adrião Neto (Adrião José Neto: Luís Correia, Piauí, 1951), buscamos a sua cartilha de termos e
expressões (regionais e de origem indígena) usada na obra literária aprovada pela crítica literária piauiense. Assim, “acender as ventas”, significa “farejar”; “botar catinga”, significa “atrapalhar”, “desestimular”; “caxiri”, significa “bebida fermentada de macaxeira ou de milho, algumas vezes acompanhada de uma batata, que dá coloração roxa”.

Em Raimundo Zito Batista (Natal, hoje Monsenhor Gil, 1887-Rio de Janeiro, 1926), a razão da indiferença entre os homens foi contemplada em piedosos versos: “Homem, para o pesar que te domina/ Só existe uma doce recompensa:/ Esquecer e perdoar qualquer ofensa/ Numa resignação quase divina./ “Também rugi de cólera assassina,/ Defendendo o meu sonho e a minha crença,/ Ninguém como eu trouxera de nascença/ Ódio tão grande à intriga pequenina/ “Hoje, porém, mais calmo e envelhecido,/ Compreendi toda a inutilidade/ Do meu rancor, talvez convencido/ “De que não vale o amor/ Por ter tido insana vaidade/ E trair aos que sentem amarga dor”.

Um dos maiores sonetos da língua portuguesa pertence ao piauiense Adail Coelho Maia (São João do Piauí, 1907-1962). Quatorze versos alcandorados incrustados na “Janela do Passado”. “Debruçado na janela do passado,/ Ao longe, distingui longos caminhos,/ Repletos de cardos e de espinhos,/ Em fileiras de um lado e de outro lado./ “Lembrei-me de mim mesmo, hoje isolado,/ Nos lugares desertos e mesquinhos,/ Qual ave a cantar fora dos ninhos,/ Num gorjeio saudoso e sufocado.../ “Se a criancinha encosta-se ao peito,/ Que sorrindo ou chorando, a sorte escrava,/ Não me permite aconchegá-la ao peito!.../ “Espelho
sou de luz amortecida;/ Foge de mim quem outrora me abraçava,/ É uma vida sem vida, a minha vida!...”





CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

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