quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Público


O Carnaval sempre é uma festa aberta e fechada com polêmicas em Teresina – uma cidade que se ressente de não ter uma tradição de uma imensa participação popular nestes eventos de rua e por isso tem também grupos de pressão desejosos de fabricar alguma coisa que se assemelhe ao que se faz em Salvador, RecifeOlinda e Rio de Janeiro. Trata-se, no entanto, de visão equivocada sobre cultura, entretenimento e economia derivada disso.

Uma festa que se impõe não é nem nunca será popular. Popular precisa ter raízes nas comunidades – como, aliás, se percebe em diversos eventos espalhados por Teresina, que incluem desde desfiles de homens vestidos de mulher até partidas de futebol em que calções, camisetas e meiões são substituídos por vestidos femininos.

Isso, sim, é popular ou popularesco, como se queira chamar, mas é também uma legítima manifestação espontânea, à qual o poder público nada deve emprestar se não o que uma sociedade já recebe quando promove eventos públicos: segurança e logística sanitária.

Nem mais, nem menos.

Outro ponto importante na discussão é que se evite querer transformar a cidade em uma versão de outro lugar onde o Carnaval é um negócio que rende milhões. Há um erro de avaliação, porque não se olha para os públicos, mas para o umbigo, daí o equívoco.

Teresina precisa olhar para a festa de Carnaval não como um negócio, mas apenas como uma festa e ao poder público cabe, portanto, apoiar minimamente, não se esfalfar à cata de fabricar um mega-evento quando isso é absurdamente uma tolice e uma impossibilidade.

Se existem públicos diversos – inclusive os que não gostam de Carnaval e poderiam até assistir a um concerto de música erudita ou jazz – então devem-se buscar maneiras de contemplar todos esses segmentos, mas, frise-se, sem envolvimento do Erário para pagar contas de quem quer que seja.

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