sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Mais renda, menos miséria


O ambicioso plano do governo do Piauí para tirar 220 mil piauienses da situação de extrema miséria não parece tão audacioso quando se confronta com os números. Com mais R$ 20 milhões mensais pode-se ampliar a renda das famílias que estão nesse estrato econômico indecente, que é da vida com uma renda ‘per capita’ inferior a R$ 70 por mês.

A questão só não parece fácil quando se olha sob o ponto de vista não da ajuda oficial necessária e premente, mas da eliminação das causas da miséria absoluta. Se o governo provém as pessoas com uma
rede de proteção social que inclui dar-lhes algum dinheiro para sustento imediato, excelente; mas é preciso construir instrumentos que eliminem esse gasto em médio prazo.

É claro que não se pode criticar o governo por querer ampliar os valores repassados pelos programas de transferência de renda. Afinal, esse dinheiro termina dando algum giro à microeconomia municipal. A questão é que esse tipo de iniciativa nem tem sustentabilidade, sempre será alvo de críticas e, sim, tem fortes possibilidades de virar moeda de troca em tempos eleitorais.

Se é para fazer política ou usar politicamente o que quer que seja em iniciativas de combate à miséria, deve o governo agir para além das redes de proteção social. Iniciativas que levem as pessoas a produzir mais, obter maiores ganhos de seu trabalho e fazer reinversão de parte de sua renda são certamente muito bem-vinda em um país em que é crescente o número de cidadãos que pensa e age para ter mais do que lhes é oferecido pelo governo.

Por enquanto é satisfatório que se mantenham os programas de transferência de renda, mas como bem lembrou o economista César Fortes, coordenador local do Programa Brasil Sem Miséria (“Mais Viver”), se há muita gente dependendo da rede de proteção social no Piauí, é preciso tirá-las de lá.

Faltam ser abertas as portas de saídas de programas sociais nos quais estão seis em dez famílias do Piauí. Retirá-las representa fazer crescer a economia pela iniciativa das pessoas, que, assim, passam a depender menos do Estado, a produzir mais para si próprias e a fazer mover-se a máquina de um ciclo virtuoso de expansão econômica e desenvolvimento.

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