quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

G.R.E.S. Nordeste


Não é novidade que o Nordeste, juntamente com suas cidades, costumes e personagens, já foi tema de enredos de várias escolas de samba do Rio de Janeiro. Até mesmo nossa atualmente abandonada Natal já foi
enredo em 1999, quando comemorou seus 400 anos. Entretanto, neste ano, houve uma verdadeira invasão do Nordeste na Marquês de Sapucaí. Nada menos que seis das treze escolas do grupo especial do Rio de Janeiro possuem temas relacionados com nossa região. É exatamente este fato que merece a nossa atenção.

Do ano de 1999 até o Carnaval de 2011, o Nordeste e seus temas relacionados foram cantados treze vezes, numa média de um tema a cada ano. Somente no ano de 1999, cinco escolas trataram do tema Nordeste. Além de Natal, enredo do Salgueiro, também destacaram o Nordeste: Grande Rio, São Clemente, União da Ilha e Vila Isabel.

Naquele ano participaram do desfile catorze agremiações.

No ano de 2002, a tradicional Mangueira foi campeã com o enredo Brasil com “Z” é pra cabra-da-peste, Brasil com “S”, é a nação do Nordeste”. Fato que já tinha ocorrido em anos ainda mais longíquos com a própria Mangueira quando venceu em 1986 (Caymmi mostra ao mundo o que a Bahia e Mangueira têm); e em 1995 com a Imperatriz Leopoldinense (Mais vale um jegue que me carregue, que um camelo que me derrube... Lá no Ceará).

Este ano, a atual campeã Beija-Flôr de Nilópolis homenageia São Luís do Maranhão. A Unidos da Tijuca, do sempre inovador e polêmico carnavalesco Paulo de Barros, especialista em alegorias humanas, mostra o centenário de Luiz Gonzaga. Já o Cordel Branco e Encarnado é enredo dos Acadêmicos do Salgueiro. Jorge, amado Jorge, será retratado pela Imperatriz Leopoldinense. É com as festas da Bahia que a maior
campeã de títulos do carnaval carioca, a azul e branco, Portela, tenta pôr fim ao jejum de vinte e sete anos sem títulos, o último conquistado foi em 1984. A recém promovida do Grupo de Acesso A, Renascer de Jacarepaguá, tem no pernambucano reconhecido internacionalmente, Romero Brito, a fonte de sua inspiração.

Todavia, não é apenas na quantidade de escolas que cantam o Nordeste que merece destaque, e principalmente a inclusão de instrumentos musicais (triângulo, zabumba e acordeom) como protagonistas nas baterias das escolas, deixando o papel secundário ou “para compor o visual” de outrora. Dessa vez, as baterias evidenciaram esses instrumentos, transformando o samba em forró e xote, criando “paradinhas” cada
vez mais criativas e ousadas nesses ritmos nordestinos, como verificamos na Unidos da Tijuca e Salgueiro. Com o acordeom são realizados arranjos de maneira exemplar.

A Portela reproduz toques típicos da Bahia. O samba-enredo da azul e branco já foi premiado como o melhor de 2012 pelo jornal carioca O Dia. A Imperatriz Leopoldinense ao falar de Jorge Amado não esqueceu do berimbau. Em anos anteriores, foi incluído nas baterias de escolas de samba, e para não mais sair, o timbau, instrumento marcante da cena baiana.

Isso para não falar nos termos e expressões nordestinas presentes em todos os sambas enredos das referidas escolas, tais como: “padim”, “avexe”, “cabra macho”, etc. Enfim, percebe-se que as escolas de samba se preocuparam em reproduzir mais fielmente a nossa cultura nordestina, e por isso, mesmo que você seja daqueles que acham os desfiles das escolas de samba uma verdadeira chatice, vale a pena tê-los assistido, e quem sabe até torcer para que hoje alguma escola do G.R.E.S Nordeste se consagre campeã, o que muito nos orgulharia



ALUIZIO HENRIQUE
D. DE A. FILHO
ADVOGADO

Nenhum comentário:

Postar um comentário