quinta-feira, 10 de maio de 2012

Alimentos, economia e eleição


Entre os muitos conceitos de economia sustentável e solidária surgidos nos últimos tempos, um em particular poderia e deveria interessar aos que pretendem concorrer a cargos de prefeitos de cidades como Teresina neste ano: o alimento de baixo impacto de carbono. O conceito é simples e parece romântico, mas é economicamente viável.

Embora também tenha um nome meio esquisito, consiste tão-somente na produção de alimentos em áreas próximas aos centros de consumo.

Tomemos o caso de Teresina e das maiores cidades do Piauí: a maior parte dos alimentos frescos consumidos são produzidos em regiões distantes. Frutas e hortaliças, além de ovos e carne, geralmente se colhem e criam em regiões bem distantes, o que implica em maior custo de transporte e, claro, queima de combustível sólido que concorre para emissão dos chamados gases estufa, ou seja, aqueles que levam ao apocalíptico aquecimento global.

Essa ideia se traduz naquilo que o economista polonês Ignacy Sachs chama de ‘adensamento econômico’: fazer com que a produção esteja cada vez mais próxima dos centros de consumo. Haveria a vantagem do emprego local favorecido, de menor gasto de combustível fóssil e de cadeias de produção locais interligadas.

É claro que um mercado global, com mecanismos de remuneração bastante entrelaçados para cada cadeia produtiva, não é fácil colocar em prática a ideia simples da produção próxima dos centros consumidores. No entanto, certamente essa é uma chance realmente boa para fazer crescer áreas geográficas fortemente dependentes de compras externas – sobretudo de alimentos frescos que podem ser cultivados e criados nas mesmas condições climáticas e edáficas. Caso de Teresina e da maioria das capitais nordestinas.

As capitais do Nordeste e suas respectivas áreas metropolitanas somam, no mínimo, 20 milhões de habitantes.

Trata-se de um gigantesco mercado consumidor de alimentos, que, no entanto, importa um crescente volume de carne, leite e derivados, ovos, frutas, hortaliças e cereais secos.

A importação e o pouco caso com a produção local fazem com que sejam drenados bilhões de reais dessas áreas metropolitanas, gastos em compra de alimentos trazidos de estados não nordestinos ou mesmo de outros países. Não sem razão, o conceito de ‘adensamento econômico’ ou alimento de baixo impacto de carbono é bastante cabível no atual momento de debate político-eleitoral.

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