quarta-feira, 2 de maio de 2012

Benjamin Monteiro


Ao definir a palavra saudade na pulsação centenária, Benjamin do Rego Monteiro Neto (Teresina, Piauí, 1915- 2012), induziu versos alcandorados numa perfeição tornada gratificante, fito de enriquecer a generosa literatura piauiense: “Saudade é desejo triste/ De ter as coisas distantes/ Onde mais saudade existe:/ É no coração dos amantes./ “Saudade é desejo velho/ Do coração que amou./Mais ama, a gente mais sente/ O gosto do que passou”.

Cultor do Direito, respeitado sempre, pontificou a sua invulgar inteligência no ensino da língua portuguesa e na fiel interpretação de textos relacionados com a História do Piauí. O lastro intelectivo de Benjamin Monteiro, da Academia Piauiense de Letras (data oficial de fundação: 30 de dezembro de 1917) se fundamentou em opiniões d´outros laureados acadêmicos do nosso principal sodalício. No lançamento da obra aberta: “O Direito da Sociedade Humana”, 1990, os censores literários afirmaram: “O livro do professor Benjamin do Rego Monteiro Neto merece ser lido e meditado, porque expressa o pensamento de um profissional sério e competente. Admitido no primado do Direito. O compêndio enriquece a bibliografia da ciência jurídica brasileira”.

No episódio envolvendo Benjamin Monteiro em assuntos educacionais, a presença do ilustre piauiense foi reclamada no Rio de Janeiro (época dos anos 40, século passado). Sustentáculo do ministro Gustavo Capanema (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1900-1985?), no período da reforma do ensino secundário, industrial e comercial, entre 1942 e 1943, promovida pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC. Tanto é verdade que, as Organizações Globo da então capital da República (Rio de Janeiro, 1763-1960, ano da inauguração de Brasília, 21 de abril), convocou o formidável piauiense para se tornar importante no quadro vivo dos principais redatores do jornal “O Globo”. Redigiu importantes artigos. Recebeu dezenas e mais dezenas de elogios da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), provocando ciumeiras nos outros periódicos que circulavam no Rio de Janeiro de antanho. As inúmeras publicações do erudito Benjamin do Rego Monteiro Neto incluem um fabuloso livro: “Poesia de Ontem”.

Ao procurar incessantemente o ideal supremo para considerar imperdível a verdadeira poesia, reconheceu que a vida árdua e a desabrida caminhada experimentadas pelos desvãos do mundo, ditariam as normas pelas quais o triunfo seria alcançado. Quer queiram ou não aqueles que espiaram o seu valoroso esforço. Incontinenti, a resposta:

“Cheguei sozinho sempre a toda parte./ Lutei, sofri, chorei e sempre sozinho./ Solitário, morando no infinito. / Em vão aberto ao sentimento humano”.

Quase centenário, tornou honrada a cátedra da Faculdade de Direito do Piauí (data oficial de fundação: 25 de março de 1931) e, sapiência inconfundível, se tornou conhecido além fronteiras brasileiras pelo jeito disciplinador, dono do caráter filosófico do Direito Internacional Público. E na máxima pertencente ao incrível poeta português Fernando Pessoa (Lisboa, Portugal, 1888-1935): “Cada um de nós é um grão de pó que o vento da vida levanta, e depois deixa cair”, aqui está o resumo literário e histórico do magnífico Benjamin do Rego Monteiro Neto.




CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

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