quarta-feira, 2 de maio de 2012

A roda gigante da vida


Outro dia peguei-me pensando. Faço isso de vez em quando, mesmo em momentos que o melhor mesmo é não pensar. Pensar exige cautela, é um compromisso consigo mesmo. Peguei-me pensando o quanto nossa vida se parece com uma enorme roda gigante.

Em um parque de diversões, a roda gigante é a sensação mais visível, mais potencializadora dos nossos medos e anseios. Mas também é uma belíssima forma da perfeição, da condição humana de criar. Comecei então a comparar a nossa vida a uma enorme e brilhante roda gigante. Primeiro, uma roda gigante tem inúmeras pessoas ao redor, olhando, vibrando, admirando, torcendo ou, simplesmente, observando.

Assim é a nossa vida. Existe uma grande quantidade de todo tipo de gente nos observando até mesmo quando nós não notamos suas presenças. A roda ainda nos faz entender que quando ela gira, ora estamos abaixo da pessoa que nos ladeia, ora estamos acima dela. Ora paramos no topo, com o olhar onipotente, quase onipresente. Sentimo-nos grandes nesta hora, acima de todos. Ora paramos no meio e parece que tudo vai desabar. Qualquer ação errada vai nos levar diretamente ao chão. Não sabemos se vamos suportar aquele balanço rangido, assustador, inseguro.

Em certo momento do giro ficamos quase no solo, bem abaixo de quem está no topo. É como se nesse momento estivéssemos no fundo do poço, mirando quem está lá em cima. A insegurança se mistura com a adrenalina e o que nos deixa mais tranquilos é sentir que tem alguém do lado, alguém que divide todas essas emoções conosco.

Interessante notar como existem pessoas que não entendem a roda gigante. Não admitem paradas em locais que não seja no topo da roda. Não se importam com quem está nas cadeiras vizinhas. É o tipo de pessoa que não admite que a roda gira, que as pessoas mudam, que a paisagem que se vê agora não será a mesma que se verá daqui a algum tempo, que quem está no comando da roda é quem decide a hora certa de parar.

Cada momento vivido durante o passeio proporciona uma emoção particular, algo único que não será vivido de novo. Pelo menos não daquela forma, não do mesmo jeito. O que é importante saber é que não somos nós quem decide a hora de parar ou a hora de descer. Tudo tem o seu tempo determinado. Tudo tem a hora certa de acontecer. Ora em cima, ora em baixo. Ora com o horizonte a seu favor, ora com o medo estampado nos gritos. Mas o que importa mesmo é entender que é assim que gira a roda gigante da vida.



EDJÔFRE COELHO DE OLIVEIRA
PROFESSOR – SÃO JOÃO DO PIAUÍ

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