quinta-feira, 3 de maio de 2012

Pesquisa e saúde pública


A pesquisa sobre distorções do princípio da integralidade no atendimento nos serviços de saúde pública, divulgada ontem com exclusividade por este Jornal Meio Norte, demonstra, antes de qualquer coisa, que o SUS tem um atendimento que majoritariamente chega aos mais pobres.

A pesquisa é reveladora quando detecta que, em média, o usuário se desloca 50 quilômetros do lugar de residência até a unidade de atendimento. Isso evidenciaria a necessidade de aumento da rede? Não. O que esse dado enseja é a necessidade de melhoria da resolubilidade do sistema, conforme, aliás, observou o doutor José Ivo Pedrosa, na análise da pesquisa realizada pelo Instituto Amostragem.

Pedrosa constata que a escolha da unidade hospitalar não obedece uma lógica de territorialização. O usuário se dirige para onde acredita haver uma resposta mais adequada ao seu problema. A ausência de comunicação entre as unidades de saúde piora as coisas, porque o paciente chega sem referência ou contrarreferência, o que concorre para tornar ainda menos resoluto o atendimento que se presta.

A pesquisa é uma boa crítica ao sistema, porque está inteiramente baseada nas impressões de quem mais faz uso dele: pessoas com baixo rendimento financeiro, menor grau de escolaridade e mulheres, em sua maioria – o que sinaliza para o uso do SUS por crianças igualmente pobres. Então, deve ser esse instrumento estatístico um referencial a ser levado em conta por todos os gestores de saúde pública no Estado.

A pesquisa levou à constatação de que seis em dez usuários se queixam da falta de médicos, sem contar o problema do absenteísmo, notado por um em cinco pessoas que responderam à pesquisa. Isso claramente demonstra que é urgente e inadiável a correção de falhas no SUS.

Mudar para melhorar, porque apesar de todos os percalços, 73,62% dos usuários estão satisfeitos com o atendimento dos médicos e 70,24% declaram o mesmo grau de satisfação em relação aos enfermeiros. Esses números, que certamente devem orgulhar profissionais de saúde, precisam agora ser arrimo a um esforço coletivo para tornar o sistema ainda mais admirado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário