domingo, 27 de maio de 2012

A política pede socorro


Historicamente, em regra, a política foi vista como uma coisa ruim pela opinião pública, com descrédito popular. O fato é que existe muita demagogia nisso tudo. Podemos confirmar isso na citação de Luís Fernando Veríssimo:

“Brasil: esse estranho país de corruptos sem corruptores”. Evoco aqui o ato fundante da moralidade política de Rui Barbosa: “No Brasil existem muitos eleitores corruptos exigindo políticos sérios e honestos”. Ele foi exemplo para Jesualdo Cavalcanti que viveu tantas e tais experiências e costuma dizer que a política geralmente praticada é, por vezes, demolidora de reputações.

Pois tende a nivelar os políticos por baixo, isto é, colocar no mesmo nível os bons e os maus, para satisfação dos portadores de baixos instintos. Mas, apesar disso, temos que reagir participando do processo, em nome de valores que dignifiquem o ser humano e aperfeiçoem a democracia. A má educação cívica é a causa de tudo. Os políticos representam as qualidades e os defeitos da sociedade. Se existe um corrupto é porque existe também um corruptor.

No julgamento de Jesus Cristo o povo foi consultado: “Jesus ou Barrabás?”. O povo escolheu Barrabás para ser absolvido e Jesus Cristo foi para a cruz. Portanto, o povo, em parte, não tem autoridade moral para reclamar da situação; toda escolha parte dele. Não admitamos o falso moralismo. Aquela velha história, a culpa sempre é dos outros. Vamos fazer mea culpa.

A política é uma missão nobre do cidadão. É a arte e a essência do bem comum. Da coisa coletiva. Política é nosso dia a dia. Como diz FHC, por mais desmoralizada que seja atualmente a atividade política, alguém tem que se ocupar da tarefa de governar (...).

O que fazemos e deixamos de fazer na política faz toda a diferença. A falta de interesse do cidadão (de bem) pela política é que deixa o espaço vago para ser ocupado pelos mal-intencionados. O silêncio dos bons nos preocupa.

Devemos reagir, para não permitir que pessoas descomprometidas com a sociedade continuem usando a política em benefício único e exclusivo da sua família. Pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si.

Não devemos fugir jamais dos problemas, nem omiti-los. O brasileiro, em regra, costuma se omitir. E as crises morais só aumentam. Não vamos deixar as coisas como estão, pra depois vermos como vão ficar. Demanda-se interferência no sistema. A política é importante demais para a sociedade. De forma que não pode ser descuidada ou ignorada.

Não milite através de falácias. Una pensamento e ação. Case palavras e atos. Dê ao discurso a força transformadora.

Fale, enxergue, aja e realize. Escolher bem é além de um direito, é um dever.




MARCOS OLIVEIRA DAMASCENO
ESCRITOR DOUTOR EM FILOSOFIA POLÍTICA

Nenhum comentário:

Postar um comentário