sexta-feira, 25 de maio de 2012

Futebol, greve e insensatez


Em breve visita à capital cearense conferi o quanto Fortaleza ganhou em desenvolvimento urbano, como sua população mantém tradições religiosas e o quanto também é acometida pelos velhos problemas da administração pública. Porém, o tema marcante na cidade é o futebol, a eterna rivalidade das torcidas do Fortaleza e do Ceará.

No entanto, a conhecida paixão dos brasileiros, em Fortaleza toma proporções de histeria coletiva. Quando ao final de uma partida os torcedores depredam as cadeiras do estádio e tudo mais o que se vê pela frente; ônibus, automóvel, metrô em atos absurdos de vandalismo e completa insensatez.

Em Teresina, se a paixão pelo futebol é afetada pelos parcos investimentos no esporte e os grandes clássicos futebolísticos ficaram pelo caminho, pelo menos não se tem tal guerra de torcidas que se vê em
Fortaleza e em outras cidades.

Por aqui, o que chamou mesmo atenção nos últimos dias foi uma longa greve de professores da rede estadual de ensino, que infelizmente chegou ao ápice do radicalismo, mesmo após negociação que estabeleceu um aumento considerado razoável para os padrões do Estado e um avanço significativo para a classe.

Entretanto, alguns professores (um pequeno grupo) insistiram em se manifestar radicalmente contrários à volta às salas de aula, e à revelia até da própria representação sindical. Passou do ponto. Professores, afinal, devem lembrar-se que são professores, trabalhadores da educação e que não cabe a estes profissionais reivindicar seus direitos com atos de vandalismo e verborragia exacerbada (como se viu na cidade), sob pena de que os mesmos atirem na sarjeta o mínimo respeito que ainda se tem pela categoria.

Se os tempos são outros, o professor também precisa se transformar, se reinventar, mas, sobretudo, mostrar à sociedade seu compromisso ético com a educação. É preciso lembrar-se da responsabilidade de educar cidadãos, de preparar uma aula de verdade, de motivar o aluno a aprender, como bem faz o professor de Cocal dos Alves, Antônio Cardoso do Amaral, famoso por estimular seus alunos a vencer.

Assim, durante o tempo que se perdeu fora da sala de aula, se perderam também muitos talentos e se comprometeu o desenvolvimento do país. Torcedores de futebol podem até cair na insensatez coletiva,
porque são apenas torcedores. Professores não, caro leitor. Estes não podem ser embriagados pela insensatez, pois seu dever ético deve estar acima desse tipo de comportamento.




LILI CAVALCANTI
ESCRITORA

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