sexta-feira, 25 de maio de 2012

O lixo e as soluções


O secretário municipal de Meio Ambiente, Deocleciano Guedes, declarou ontem na TV Meio Norte, que a cidade não tem um aterro sanitário. Tecnicamente, tem-se atualmente um aterro controlado, mas para quem olha e sente o mau cheiro, o local é mesmo um lixão – uma paisagem que se repete Piauí afora, onde coleta e tratamento de lixo não são exatamente uma prioridade das administrações municipais.

A constatação do secretário Deocleciano é boa, mas aponta para um problema a ser superado: a dificuldade que a administração pública tem de solucionar problemas como o do tratamento adequado de resíduos só- lidos. É sabido que há pelo menos três anos foi licitado e está em obras um aterro sanitário em Teresina, mas a obra entrou em uma espécie de estado de hibernação tecnoburocrática.

O reconhecimento de que o tratamento dos resíduos sólidos não é adequado é até aqui a mais contundente admissão de falha da administração municipal – e não do atual prefeito, mas dos que o antecederam também, porquanto não conseguiram dar respostas adequadas a um problema que só se agrava.

O caso dos resíduos hospitalares é uma evidência de que a máquina pública se move com lentidão rumo às soluções.

É amplamente conhecido pela comunidade técnica (médicos, sanitaristas, engenheiros de segurança do trabalho etc.) que faltam ações para segregar corretamente lixo contaminante em hospitais. Isso favorece a mistura entre resíduo comum e detritos biológicos, químicos e perfuro-cortantes, o que amplia a quantidade
de lixo hospitalar, encarece seu tratamento e cria um risco adicional no aterro controlado.

Diante disso, parece adequado, então, lembrar que providências mais elementares precisam ser tomadas, como a obtenção de compromisso para que haja a segregação do lixo hospitalar – que é uma forma especialíssima de coleta seletiva, outra ação que tem sido bastante negligenciada na cidade, tanto quanto é alvo da desídia da administração pública pelo país.

Neste sentido, então, é razoável se dizer que, embora seja pertinente a atuação do Ministério Público em favor de uma política mais adequada de tratamento do lixo, deveria a instituição focar em questões com soluções mais fáceis, que podem ser implementadas a custo baixo e que dependem de vontade política, mais que fundamentalmente só podem dar certo se houver adesão e conscientização das pessoas.

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