A Eletrobras Piaui é a pior empresa de energia do Nordeste, conforme avaliação da Aneel, com bases em dados relativos a tempo e frequência das interrupções de fornecimento. Em média, o consumidor piauiense passa 41 horas por ano sem energia. Em regiões no que se chama de ponta do sistema, tanto tão mais duradouros quanto mais frequentes os desligamentos.
Os números são inaceitáveis e denunciariam um sucateamento do sistema elétrico do Estado, mas é fato que a Eletrobras tem feito elevados investimentos no Piauí, tanto em transmissão quanto em subestações. Em vista disso, é de se estranhar que se tenha um serviço tão ruim em razão de queda da energia.
Uma das explicações cabíveis está na redução que a estatal fez das equipes de manutenção – uma tendência de corte de custos que também está presente nas concessionárias de telefonia, as quais concorrem com afinco pelo troféu de piores fornecedoras de serviço aos piauienses.
Com uma rede de distribuição que também precisa ser renovada e sem pessoal que dê suporte em caso de desligamentos – principalmente causados por queda de árvores – é evidente que os investimentos na construção de linhas de transmissão e subestações elétricas não podem, sozinhos, produzir melhores resultados na qualidade da energia fornecida.
Então, está-se diante de um problema que aparentemente pode ser solucionado com decisões administrativas. Neste caso, bastaria à Eletrobras aumentar o custeio com manutenção preventiva, mais equipes de linha viva e para atendimento de situações emergenciais em Teresina e no interior. Ocorre é que esse tipo de decisão não é tomada em Teresina, mas no Rio de Janeiro, onde fica a sede de ‘holding’ estatal que detém o controle acionário da elétrica piauiense e isso faz toda a diferença.
É bastante provável que não haja interesse em ampliar o número de equipes de manutenção, sobretudo com pessoal próprio. Assim sendo, o consumidor de energia vai depender muito mais da sorte e das boas condições meteorológicas do que da Eletrobras para ter eletricidade com qualidade.
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