quinta-feira, 24 de maio de 2012

Pobreza acadêmica


O pedido de um dos candidatos a reitor da Ufpi para suspensão da consulta destinada à escolha do reitor, acolhido pela Justiça Federal, é o coroamento de um processo eleitoral que empobreceu e diminuiu a importância da instituição. O que poderia e deveria ser um momento de discussão e debate, converteu-se em disputa paroquiana, onde prevaleceram mais interesses comezinhos e pontuais e até mesmo o egoísmo,
em detrimento do avanço da academia.

Ao contrário do ocorrido em outras eleições para reitor, nenhum dos candidatos participou de debates entre si, para aclarar as ideias. As propostas foram expostas em panfletos de gosto duvidoso ou em visitas muito tímidas a salas de aulas e departamentos. Mais valeram as trocas de acusações e um recalcitrante gosto pelos ataques à atual direção da Ufpi, reiteradamente acusada de irregularidades. Isso não constrói uma boa base para quem o sucederá.

Perdeu-se tempo e energia com visões deformadas da realidade e não se discutiu em um só momento o futuro da universidade e seus problemas atuais. Questões fundamentais como a baixa produção de pesquisas ou a quase inexistência de extensão passaram ao largo do processo. Também ficaram de fora problemas como a falta de docentes ou o absenteísmo de professores e servidores – uma praga cevada pelo corporativismo reinante e que não é combatido nem por oposição, nem por situação, sempre muito mais interessadas em voto do que em mudanças que comprometam a zona de conforto em que se aboletam os eleitores.

Como que para coroar a pobreza do debate, judicializou-se uma disputa interna, com argumentos, aliás, bastante pobres: não houve divulgação do evento e uma greve de professores ensejaria menor participação dos estudantes, docentes e servidores. Neste caso, é de dar dó essa linha de raciocínio, porque implica dizer que se realmente queriam uma ampla participação dos estudantes, os professores que alegam a greve como impedimento a isso poderiam ter se mobilizado para evitar o movimento paredista.

Ao fim e ao cabo, com argumentações pueris, ausência de debate e judicialização da disputa, a inexistente eleição só se prestou mesmo a mostrar quão pobre está o mundo acadêmico do Piauí, sobretudo numa instituição que deveria fazê-lo maior, tal o volume anual de seu orçamento, de R$ 430 mihões em 2012. Mas a Ufpi produz pouca pesquisa, o saber que está espalhando tem tido as melhores avaliações em exames como o Enade e a atuação institucional para com a comunidade, a extensão, não tem a medida do volume de recursos despendidos.

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