quarta-feira, 23 de maio de 2012

Crime, drogas e flanelinhas


Há uma recorrência na relação entre homicídios e o uso e tráfico de drogas em Teresina. Na segunda-feira, dois lavadores de carro foram alvejados por um homem que estava em uma moto. Um deles morreu a caminho do hospital. O outro segue internado, mas sem risco de morte.

O episódio seria apenas mais um entre tantos ocorridos na disputa do tráfico não fosse pelo detalhe de que ocorreu em um local público, no qual o teresinense leva veículos para serem lavados. Quer dizer: as querelas entre pessoas envolvidas com uso e tráfico de drogas começam a se aproximar perigosamente de vítimas inocentes.

Então, podemos dizer que o tráfico tende a espalhar a violência de modo virulento, atingindo quem nada tem a ver com essa prática criminosa. Se o traficante acerta contas a tiros e não escolhe local para essa ‘cobrança’, é quase certo que pode ser vitimada por esse tipo de ação qualquer pessoa – crianças inclusive, o que determina, então, a necessidade de um combate ainda mais rigoroso aos traficantes.

Outro aspecto do incidente com os lavadores de carro é que, sem embargo da existência de pessoas de bem, as áreas centrais de Teresina tomadas por guardadores de veículos se transformaram em territórios de
extorsão contra os cidadãos. Deixar um carro em via pública na cidade pode representar para o motorista o risco de pagar por um serviço que ele não quer adquirir.

Então, estamos diante de duas situações em que as pessoas ficam no meio de um fogo cruzado ou estão sujeitas a serem extorquidas por pessoas que praticam uma espécie de privatização informal do espaço público, a ponto de locais de maior movimentação ou pontos de lavagem de carro na cidade de Teresina serem comercializados como se fossem propriedades privadas ou concessões públicas legalmente cedidas para exploração por terceiros.

Estamos, pois, diante de duas situações que requerem do poder público uma ação mais determinada e dura. De um lado, ação policial para reprimir o tráfico e intimidar traficantes em suas ações cada vez mais ousadas. De outro, a presença do poder municipal para evitar que flanelinhas e lavadores de carros privatizem os espaços públicos, a ponto de até criar “regras” de uso.

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