terça-feira, 15 de maio de 2012

Escassez de projetos


O Nordeste padece neste ano de 2012 da pior seca em três décadas – muito embora em Estados como Bahia, Maranhão e Piauí o agronegócio do cerrado tenha produzido resultados excepcionais na colheita de grãos. Ainda assim, as pesadas perdas na agricultura familiar, bem assim a falta de água e de pasto, comprometem economicamente a economia agropastoril.

Sem chuvas, centenas de milhares de famílias de pequenos produtores da Bahia até o leste do Maranhão, padecem não somente sem água, mas sem comida para si e para seus rebanhos. É sempre bom lembrar, à guisa de explicação e para melhor entendimento, que na mesa rural nordestina boa parte do que se come se colhe no entorno da casa ou da propriedade.

O drama comove, mas não chega a ser novidade. Nem para os nordestinos, nem para a elite dirigente da região.

Contudo, a situação de agora é um tanto quanto assustadora porque desde 1998 não se assistia à devastação desta ordem, além do fato de que os anos de estabilização econômica concorreram para uma melhoria nas condições de vida do Nordeste – resultado dos programas sociais e mesmo da expansão econômica que fez da região o segundo maior mercado consumidor do país.

O progresso econômico do Nordeste, contudo, esbarra sempre na sujeição que sua economia tem para com os humores meteorológicos, que sendo hoje perfeitamente previsíveis, não deveriam pontuar tanto pelo que a natureza pode prover.

Há uma ausência de projetos e a escassez de pesquisas que possam permitir o desenvolvimento do semiárido, com menor dependência das águas de chuva e mais do uso racional de águas acumuladas em superfície e nas reservas subterrâneas.

Neste sentido é que, em que pese a necessidade emergencial de recursos, é necessário que Brasília passe a tratar de investimentos na região com o fito de evitar perdas econômicas cada vez mais pesadas – para o governo, inclusive, agora prevendo um pacote de R$ 2,7 bilhões a serem gastos para atenuar a calamidade deste ano.

Infelizmente, faltam projetos para tocar um programa amplo e consistente que faça da seca apenas um inconveniente climático. Afora o projeto das chamadas transposição de bacias do São Francisco, segue a região em uma escassez de ideias com o fim de dar vida econômica própria à região.

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