sábado, 12 de maio de 2012

Seca e preços


Safras frustradas em parte ou perdidas no todo costumam ser um dos ingredientes mais poderosos na formação de preços elevados - vulgo carestia. Assim, o fenômeno climático que tanto drama causa ao homem do campo, mostra-se devastador sobre o orçamento doméstico das populações urbanas altamente dependentes de alimentos cultivados em um sistema quase que totalmente ligado à regularidade do regime de chuvas.

O efeito da seca em Teresina é perceptível em um dos produtos mais essenciais na dieta do piauiense, o feijão. O tipo sempre-verde, um dos mais populares na mesa nossa de cada dia, chegou ao preço de R$ 10 nos mercados de Teresina. Variedades desse mesmo feijão chamado caupi (branco, vermelho), atingem valores de até R$ 8 – o equivalente a quase duas vezes o custo de um quilo de frango.

Outros preços agrícolas evidentemente devem acompanhar uma tendência de alta e provavelmente a estiagem terá efeitos sobre o cultivo do caju e a apicultura, importante atividade econômica, sobretudo no semiárido, onde tem forte dependência de um perfeito ciclo de chuvas para favorecer floradas naturais mais intensas, base da produção e rendimento das colmeias. Assim, é de se esperar que o custo de outros alimentos como o mel também suba.

Essa situação evidentemente não pode ser evitada, posto que tanto a agricultura de sequeiro e quanto a pastagem floral nativa para abelhas precisam de regularidade pluviométrica para prosperar. No entanto, parece adequado dizer que é necessário reduzir os vieses agrícolas decorrentes da elevada dependência da agricultura em relação à regularidade de chuvas. Neste sentido é que a irrigação poderia e deveria estar sendo usada para favorecer um consórcio entre as culturas de curto ciclo e a apicultura – notadamente no semiárido. Existem tecnologias que apontam neste sentido, muito embora seja necessário destacar os senões dos produtores piauienses ao uso da pastagem cultivada para as abelhas, dado o risco de uso de
agroquímicos, por eles bastante rejeitada. Mas a pesquisa agropecuária aí está para oferecer soluções.

O que é possível dizer, porém, é que o consorciamento entre agricultura irrigada para legumes e frutas de curto ciclo e a criação de abelhas no semiárido deve ser uma solução a ser estudada. Possivelmente, cultivar feijão e fazer desta leguminosa um pasto para as abelhas é um bom caminho para o cidadão da cidade encontrar, nos anos que se seguirão, um quilo deste produto mais próximo do valor que se paga pela mesma quantidade de frango

Nenhum comentário:

Postar um comentário