sexta-feira, 4 de maio de 2012

Adeus ao meu irmão Ruy Berger


Em 11 deste mês de março de 2012 completou 84 anos e, poucos dias decorridos, veio a falecer. Ruy foi meu irmão dileto e amado. Embora primos legítimos, fomos criados juntos, eu o estimava sobremaneira. Ainda meninos, convivemos juntos na mesma moradia, quando sua mãe, minha santa tia que carinhosamente nos atendia por Santinha, passou a ser a companheira de minha querida mãe Lili, desde quando tio Berger saiu para fazer um trabalho de sua profissão de agrimensura em Fortaleza e nunca mais voltou. Ruy foi imbatível nos sucessos, nos percalços e nas artimanhas que a vida lhe pregou. Como a Fênix, a águia mitológica, que sempre renascia das próprias cinzas, também ele ressurgiu e pairou nos altos cumes da
dignidade e da fortaleza de espírito.

Foi um Titã, sem agitação e sem alarde, que transpôs todas as barricadas que se atravessaram na sua trajetória.

Fomos estudar o curso médio em Belém do Pará, onde meu pai foi eleito deputado federal e senador. Quando terminamos o curso, meu pai foi morar no Rio de Janeiro e Ruy e tia Santinha foram conosco. Ruy, algum tempo passado, fez concurso para a Aerovias Brasil, onde trilhou carreira, galgando posições até alçar a diretoria financeira. Na empresa aérea se destacou como trabalhador, prestativo, disposto, honesto, inteligente e simpático.

Através dessas qualidades foi notado por Ademar de Barros, seu patrão, então governador de São Paulo, que o transformou em amigo. Ainda no Rio, conheceu no Tijuca Tênis Clube, uma selecionada agremiação sócio-esportiva carioca, a Laís, linda e prendada jovem, cujo pai, Doutor Garcia, era ministro do Superior Tribunal Militar.

Casaram-se e tiveram três rebentos: Ruy Filho, Renato e Antônio Guilherme. Em São Paulo, após viagem aos Estados Unidos da América, lá comprou uma máquina de fábricar bolsas estampadas de plástico. Sucesso e novidade que as grandes empresas e as companhias aéreas adotaram para propaganda, oferecendo como brinde aos seus clientes.

Das bolsas, partiu para a fabricação de chuveiros elétricos, tendo adquirido o comando da famosa marca Chuveiro Leão.

Foi quando a adversidade caiu sobre a sua cabeça. Laís, sua amada e querida esposa, contraiu uma séria enfermidade. Doença, naqueles idos, como ainda hoje, que soa como uma condenação. Ruy fez tudo que era humanamente possível pra salvar a amável e delicada esposa. Vendeu as fábricas, voltou para o Rio e propiciou todos os tratamentos que a Medicina dispunha. Mas a doença progredia e ao final saiu vencedora. Laís deixou na orfandade três filhinhos. Ruy exaurira todos os seus recursos para salvar a esposa. Vendeu o último automóvel que possuía para propiciar o féretro da sua amada companheira.A irmandade de Laís acolheu os menores e Ruy partiu para recompor sua vida. Naquelas alturas, meu pai falecera e mamãe Lili resolveu voltar a viver no Piauí, juntamente com a filha Lilizinha, o sogro Hermógenes e com Titiinha, a genitora de Ruy. Eu aqui já estava e convidamos nosso irmão Ruy, que aceitou também o regresso ao berço natal. Regressamos todos, portanto, pois aqui é o nosso rincão, é a nossa pátria, aqui nascemos e aqui nos enterramos e nos enterraremos.

Ainda no Rio de Janeiro, conheceu e casouse com Isalina Berger, hoje sua viúva, de quem teve um herdeiro, o César, aposentado do Banco do Brasil e hoje comerciante. Dos filhos de Laís, Ruy Berger Filho trilhou os caminhos do magistério onde pontificou com muito brilho, em Brasília, na secretaria geral de Educação, porém faleceu muito jovem. Renato, com sua simpatia e competência, tornou-se político de prestígio regional, sendo sempre reeleito para a Câmara Municipal, onde se destacou e foi eleito presidente por duas legislaturas. Antônio Guilherme, como advogado, atua na área da Justiça com competência. Portanto, Ruy, com esforço e inteligência, encaminhou toda a família para um patamar de independência. Durante certo período esteve no Maranhão onde se tornou empresário de eletrificação, possuindo a terceira maior empresa no setor. Ainda na Ilha do Amor encontrou boa amiga, a Ivanildes Rodrigues, bonita, simpática, trabalhadora e com ela conseguiu o Ruy e a Carla. Esta que é, nada mais, nada menos, que o papel carbono do pai. Ativa, operosa, simpática e, sobretudo, vencedora, prenunciando uma ascendente e risonha carreira na mídia piauiense, e hoje figura destacada na Rede Meio Norte. Ruy, ao aposentar-se, voltou a Teresina. Sempre foi um vencedor, um amorável pai de família, meu companheiro imbatível e também um querido irmão. Espero que o Padre Eterno ilumine sua rota ascensional para chegar até Ele.




HEITOR CASTELO BRANCO
DA ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS

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