Greves são sempre um momento de crise. Colocam-se em lados opostos patrões e empregados, em um embate tanto lícito quanto legítimo. Contudo, quando um movimento grevista termina por afetar terceiros, então é perceptível que se precisa chegar a termo para evitar maiores danos.
Tomem-se dois exemplos bem próximos, das greves de professores e rodoviários. No primeiro caso, centenas de milhares de estudantes vão perder suas férias e terão que estudar aos sábados quando os professores finalmente retornarem às salas de aula. Isso não apenas pune a criança e o adolescente, como é causa de outro problema: dano ao aprendizado. Com a greve dos rodoviários, toda a cidade fica prejudicada, porém, mais uma vez, são os mais pobres os que mais perdem com um movimento desses.
Professores da rede estadual e rodoviários seguem em uma postura de intransigência quanto às negociações. Está claro que como existe uma mediação possível no caso de motoristas e cobradores – inclusive com eventual ajuizamento de dissídio de greve – o movimento tende a ser resolvido com maior brevidade que a prolongada parede dos professores. E neste caso, mais uma vez, fica evidente a necessidade de se dispor de mecanismos para condução de processos de negociação em greves do setor público.
O prolongamento da greve de professores da rede estadual é um bem acabado exemplo da necessidade de se dispor de instrumentos de conversação, negociação e intermediação. Neste caso, seria muito bom que houvesse um mediador com as credenciais que tem, por exemplo, o Ministério Público do Trabalho e a própria Justiça do Trabalho, pois muito embora o Supremo Tribunal Federal lhes tenha limitado a atuação mais ao setor privado, isso porque nenhuma instituição tem mais experiência e capacidade técnica de lidar com greves que o MPT e a Justiça trabalhista.
Assim, parece urgente e inadiável que para o futuro tanto servidores públicos quanto gestores procurem se cercar do apoio dessas duas instituições, as quais poderão reduzir, com sua atuação técnica e qualificada, os danos sobre uma parte quase nunca ouvida em greves: usuários dos serviços que deixam de ser prestados.
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