quarta-feira, 9 de maio de 2012

Reencontro


Juntou-se a mim imenso respeito pelo nome do conceituado escritor piauiense Ferrer Freitas. E buscando os arquivos literários envolvendo ilustres filhos de Oeiras, acabei por descobrir que Pedro Ferrer Mendes
de Freitas, nascido em 1941, é um dos mais brilhantes personagens honrando o Instituto Histórico da primeira capital do Piauí, cidade plena de intelectualidade desde a sua instalação, 1761, século XVIII.

Daí, após a preliminar donde o passado fluiu, afigura-se o trabalho do Ferrer Freitas como reencontro que faz o tempo ido se transportar ao momento atual. Veemência do oeirense na partilha entre mim e o destino,
ajoujado ao autêntico jornalismo piauiense.

“Dia desses, para alegria minha, reencontrei o mestre Carlos Said, que já passou de ´oito ponto zero´, meu antigo professor do curso científico, turno da noite, no velho e tradicional Liceu Piauiense, estabelecimento de ensino criado numa Oeiras ainda capital, pelo operoso presidente Zacarias de Góis e Vasconcelos, que dá nome ao Colégio, com inteira justiça. Sobre meus anos de Liceu, 1960/1961 (a primeira série foi no ‘Arquidiocesano São Francisco de Sales’), merece ser dito que C. Said era ainda muito moço, recém-formado em Direito na nossa Salamanca da Demóstenes Avelino, verdadeiro nome da praça que passou a ser conhecida depois como do Fripisa, verdadeira estultice. A turma, orgulha-me dizer, era constituída de jovens que mais tarde se destacaram em diversas atividades profissionais, aqui e alhures. Em 2011, fez 50 anos da conclusão do curso. Mas, devo ressaltar que neste ensejo quero mesmo tratar é do comentarista esportivo, ainda em plena atividade.

“Sou ouvinte de rádio desde garoto, muito por conta do Clube de Regatas Vasco da Gama, paixão de responsabilidade do saudoso tio Antônio Fernando, que residia no Rio de Janeiro e trazia, nas vindas a Oeiras, publicações com matérias que falavam em Sabará, Pinga, Paulinho, Bellini, Orlando e outros cobras daquele grande time de meados dos anos cinquenta, mais precisamente 1958. Mantenho esses hábitos salutares (ouvinte de rádio e vascaíno) até hoje nesta quente Terê, que não era tanto naquele tempo, justo pela vasta arborização, o que levou o maranhense Coelho Neto a dar-lhe o título de “Cidade Verde”. Aqui, passei a acompanhar a programação da Difusora onde Said já pontificava, destacando-se na criação de bordões lembrados até hoje, como o de mandar os que tentavam atravancar seu caminho, com licença aqui do poeta Mário Quintana, para os ‘bilinguinguins do inferno’. Nas chamadas para o comentário do programa da noite, nunca esqueço do lembrete: ‘ hoje à noite, Marcação Cerrada!’. Ressaltava sempre as jogadas de Diderot, Erasmo, Valdinar, Ventura, Astolfo, Vilmar, Tassu, grandes craques. Vale dizer que
esse tempo é do Lindolfo Monteiro, que virou Lindolfinho com o advento do Albertão. Eram muitos os bordões e chamadas que não me saem da cabeça. No intervalo das partidas, o locutor (chamava-se ‘ speaker’ esportivo informava: ‘ C. Said, com o pé na bola, comenta!’. Os árbitros facciosos, pra não dizer outra coisa, eram chamados de ‘energúmenos’ o que fazia sem dó nem piedade.

“Outro dia ouvi de um entendido em tempo dizer que bom mesmo é o presente, o agora. Não sei! entrevistada em programa de TV pra falar de seu último livro de título ´É tudo tão simples!’, Danuza Leão disse, com muita propriedade, que a felicidade está no instante, portanto no passado. Corroborando, acrescento que é muito comum ouvir-se a frase ‘ eu era feliz e não sabia’. Difícil comparar a Teresina de hoje com a do tempo ora referido. A cidade cresceu mais do que devia e, pra tristeza geral, acabou o futebol. Vinícius, em parceria com Baden, inicia letra de antológico samba assim: “Feliz o tempo que passou, passou./ Tempo tão cheio de recordações...’, interpretado magistralmente pela divina Elizeth. E ‘ai e ui’, como Said encerra agora seus comentários”.




CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

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