segunda-feira, 14 de maio de 2012

A classe C de Avenida Brasil


Romance, vilanias, humor e muita ação são alguns dos ingredientes que compõem o universo da atual novela das nove, “Avenida Brasil”, que tem como cenário principal um lixão de onde se origina toda sua história e, diga-se de passagem, uma boa e consistente história. Porém, os incautos de plantão não podem esquecer
que o lixão apresentado em horário nobre lembra a dura realidade desses locais nos centros urbanos. Mas, apenas lembra porque, na verdade, se trata de ficção e licenças poéticas são inevitáveis.

A novela, a primeira do horário a ser filmada com uma câmera de cinema, tem prendido a audiência com um ritmo alucinante (a começar pela abertura) e ausência de barriga, ou seja, não enrola o telespectador. Desse modo, a trama é recheada de conflitos, desencontros, de humor na hora certa e ainda por cima do tema futebol, tão precioso aos brasileiros. A parte romântica ficou a cargo de Nina/Rita (Débora Falabella) e Jorginho (Cauã Reymond), que já arrebataram o público com aquele romance, embalado ao som da linda
canção de Marisa Monte.

Mas, além de uma boa história nas mãos, João Emanuel Carneiro também apostou na classe C e em seu desejo de se ver representada, pois parte dos personagens da novela é do subúrbio, mas endinheirados; gente que subiu na vida trabalhando e chegou lá é o retrato da nova classe média brasileira, que não tem medo de ser feliz, de falar alto ou dar vexame. É esse público, antes à margem da economia, que agora dá as cartas e determina novos rumos na teledramaturgia.

Hoje, já não interessa mais ver a vida glamourosa de ricos esnobes no primeiro plano, como muito se apreciou no passado, basta verificar um pouco dessa história em novelas da década de setenta ou oitenta, por exemplo. No entanto, agora a história é outra. É a classe C que está mandando. E o glamour finalmente mudou de endereço, é só conferir em “Avenida Brasil”, que também trouxe uma trilha sonora especial para o momento.

Assim, caro leitor, com uma história do balacobaco, a TV acompanha as mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais do país e se mantém atual, ao gosto do freguês e essa sintonia, aliás, é fundamental para sua história de sucesso. Portanto, se gostas do gênero continue acompanhando, senão esqueça o enredo e caia apenas naquele ritmo: “Eu quero tchu, eu quero tcha, eu quero thu, tha, tha, tha, tha, tha, tha...”




LILI CAVALCANTI
ESCRITORA

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