quinta-feira, 26 de abril de 2012

Acidente de trabalho


Amanhã, um seminário discutirá em Teresina a saúde e a segurança no trabalho - problema que até mesmo entre os trabalhadores, as maiores vítimas, é esquecido. Esse, contudo, é um tema é recorrente no Brasil, onde todos os anos os acidentes e doenças laborais causam mais de 720 mil afastamentos do trabalho, 2,5
mil mortes e custam ao país cerca de R$ 10,7 bilhões – números que podem ser ainda maiores, já que se referem a 2009 e a subnotificação é uma regra brasileira.

O Brasil vem escamoteando o problema e procrastinando as soluções. Desde 2003 o país não informa à Organização Internacional do Trabalho os números de acidentes de trabalho – fazendo isso, curiosamente, a partir do governo de um presidente que, quando operário, foi vítima de acidente laboral, no qual perdeu um dos dedos da mão.

Como o país prefere não discutir meio ambiente de trabalho saudável e medidas para reduzir as perdas humanas, sociais e financeiras decorrentes de doenças e acidentes no trabalho, seguimos como um dos países com maiores indicadores negativos nessa área. Isso não apenas é ruim como é custoso e, em longo prazo, danoso para toda a sociedade e a economia.

São um passo importante, porém mínimo, as discussões de amanhã no seminário organizado pela Secretaria da Saúde e outras entidades que formam o Fórum Estadual de Proteção ao Meio Ambiente do Trabalho. É preciso avançar mais, dar maior visibilidade ao problema dos acidentes e doenças do trabalho, forçar a busca de soluções, lembrando sempre que a conta dos prejuízos pela omissão é de toda a sociedade.

Em boa hora, o Tribunal Superior do Trabalho entrou na discussão sobre saúde e segurança no trabalho. Contudo, tratou-se de ação pontual. O Ministério do Trabalho e Emprego, que deveria puxar a discussão, perdeu-se na falta de comando em que foi jogado desde a infeliz escolha de Carlos Lupi para ministro. Hoje, o MTE é uma grande e inócua repartição que atende mais aos desempregados que aos interesses econômicos do país.

O resultado da inépcia de governo e do fastio da sociedade para discutir seriamente medidas para melhorar a saúde e segurança no trabalho é uma conta salgada que, ao cabo de dez anos, mantidos os atuais números negativos, implicará em 25 mil vidas perdidas e em um dano financeiro superior a R$ 100 bilhões.

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