sábado, 21 de abril de 2012

Noções de cidadania


A grita de professores contra salários que consideram injustos é legítima dentro dos limites do arcabouço legal e constitucional. Reprimir manifestações justas e ordeiras não é, portanto, algo que possa ser visto como normal. No entanto, quando há colisão de direito, é dever do poder público buscar dos meios legais e até coercitivos para assegurar o direito de outros.

O exercício da autoridade, com efeito, não pode jamais ser encarado como ação autoritária, como pretendem sempre fazer crer os líderes de movimentos grevistas – cuja intransigência quase sempre produz, ela sim, não apenas um, mas recorrentes gestos de autoritarismo. Bloquear ruas e queimar pneus, como ocorreu anteontem, é sem dúvida um gesto autocrático, porquanto pisoteia a lei e os direitos alheios.

Cidadania, na visão dos que confrontam a administração pública, é uma via de mão única onde sempre se trafega a favor das reivindicações deles. Sindicalistas e militantes extremistas muitas vezes propugnam algo diferente do que realmente exprimem em suas reivindicações. Muitos querem destruir um sistema político e econômico, alimentando um ódio que destrói muito mais as esperanças de gente que nada tem a ver com essas ideias ultrapassadas.

Quando se fulaniza a culpa por problemas estruturais, como se faz de modo recorrente nas greves do setor público, o que se está buscando não é uma solução. Busca-se fixar uma ideia política contrária, que não pode ser considerada nem melhor nem pior do que o estabelecido, mas somente diferente. Sob essa ótica, então, negociar em termos razoáveis é o último recurso que grevistas e sindicalistas buscam.

A recalcitrante má vontade dos líderes de professores em greve nos sistemas públicos estadual e municipal de ensino é uma evidência do desejo de não chegar a termo. O que move a liderança não é a busca de uma solução, e sim uma postura política contrária ao governante, que é um inimigo que precisa ser enfraquecido e posteriormente aniquilado. Trata-se de uma gigantesca idiotice que só causa dano a quem é vítima de uma briga: as crianças e os adolescentes matriculados em escolas públicas.

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