domingo, 22 de abril de 2012

Probidade basta


“Nenhuma lei do mundo substitui a honestidade, a responsabilidade e o comprometimento do cidadão. O caminho mais curto para a justiça é a conduta reta de cada um de nós cidadãos. O homem probo ainda é a maior garantia da justiça na sociedade. A eleição mais segura e honesta é aquela em que cada cidadão vota limpo”.

As palavras da ministra Carmen Lúcia ao assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, fazendo história como primeira mulher a presidir aquela corte de justiça especializada, deveriam ser um mantra para todos os brasileiros.

Elas encerram em si o que deveria ser a relação político-eleitor: o da honestidade acima de tudo.

A corrupção viceja exatamente na ausência de um compromisso social contra ela. Não se trata, então, de haver lei punitiva e arcabouço legal de reforço à transparência, mas de as pessoas rejeitarem práticas irregulares, ilegais, inadequadas, antiéticas e imorais. O que significa, então, deixar o espaço de conforto para militar e agir cotidianamente contra o erro.

Se existe compra de voto não é somente porque um político se dispôs a pegar dinheiro em espécie ou quaisquer ativos e favores para fazer a transação. A compra de voto pressupõe a existência de um mercado onde a oferta precede a demanda, o que leva à triste conclusão de que nesse jogo tanto tem responsabilidade quem vende quanto  quem compra o voto.

O ato de tornar a eleição mais segura e honesta, como propugna a ministra, consiste em um voto limpo, no qual não se possa permitir uma transação financeira. Então, a proibida não é algo que se espere ser feito por ação apenas do Judiciário e do Ministério Público. É ação pessoal de cada cidadão.

É justo e legítimo que queiramos e exijamos punição ao corrupto que compra voto. No entanto, possivelmente mais importante que isso, é termos um comportamento que rejeita o crime na sua gênese. Evitar por todos os meios que a eleição seja contaminada pela corrupção é a melhor maneira de manter a limpeza como uma conduta normal e corriqueira no sistema político vigente.

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