segunda-feira, 23 de abril de 2012

Estou indo pra rua


Quem na difícil labuta da vida ainda não ouviu a seguinte expressão: estou atrasado, pois tenho que ir à rua ou pra rua! E este regionalismo – aqui por nossas paragens -, denota ir resolver alguma coisa, pagar contas,
encontrar alguém ou outras tantas no quotidiano da vida, ainda que o trajeto seja por esta via pública: a rua. A vizinha consulta a outra: - fulana tu não vai hoje pra rua? Vamos pelo menos bater perna. Ver os preços, ir ao shopping. E vejamos que tem muita gente indo à rua literalmente. Se este ano foram sete ministros da era Dilma Roussef, por enquanto. Mas convenhamos nenhum foi pra rua.

Fazendo uma série histórica desde os anos 1960. Muitos foram à rua contra o golpe militar de 1964 e terminaram nos porões do DOI-CODI da repressão. Emílio Garrastazu Médici – o terceiro dos generais pós-golpe e presidente do “Milagre Econômico” pediu ao eminente presidente da CBD – Confederação
Brasileira de Desportos (hoje CBF – Confederação Brasileira de Futebol), João Havelange, que intermediasse junto ao comentarista de futebol João Saldanha, à época técnico da monumental Seleção Canarinha de 1970, a convocação do jogador Dario (peito de aço) mais tarde Dadá Maravilha. Aquele prontamente e autêntico não atendeu ao pedido, mesmo sendo de um dos mais ferrenhos “Ditadores” ao
lado de seu antecessor Costa e Silva. Zagallo – o Lobo -, assumiu a Seleção e o Saldanha foi para onde: rua. A Seleção foi tricampeã em solo mexicano e o povo em polvorosa foi às ruas comemorar e o resto todo mundo sabe.

Já mais para cá? – nos anos 1980 para 1990 -, que os jovens, de cara pintada foram às ruas literalmente e através de um impeachmento primeiro presidente eleito pelo voto direto – o fenômeno Fernando Afonso Collor de Melo foi para rua. Depois de um obscurantismo e entorpecimento dos “eleitores” o ex-presidente voltou pelo seu Estado natal – Alagoas -, como senador, mas isso é outra história.

Não é demais ressaltar que o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva teve que recorrer às ruas – primeiramente -, no ABCD (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano e Diadema) paulista para uma caminhada de rua de quatro eleições para chegar ao Planalto. Os braços direito e esquerdo de Lula (Palocci e Dirceu) foram para rua também, depois de “ARRUAÇAR” nas instâncias palacianas com a “grandeza do poder”.

Com o advento da nossa Constituição Federal promulgada no ano de 1988 que as leis trabalhistas fizeram com que os “trabalhadores” tivessem um escudo contra o desemprego, mas mesmo assim foram parar no “olho da rua”. Em algumas situações, por conta dos assédios tanto sexual como moral que algumas pessoas foram para rua.

Portanto agora que estamos na iminência de um julgamento do maior escândalo de corrupção do Brasil – o mensalão -, que todas as pessoas indiscriminadamente têm que botar os seus blocos na rua e pedir rua para
todos os mensaleiros. Só assim que todos aqueles que voltaram para casa depois de 20 anos de ditadura possam ainda achar que o melhor meio de botar corruptos e corruptores na rua é indo para rua.




JOSÉ GREGÓRIO DA S. JÚNIOR
ESCRITOR E FUNCIONÁRIO PÚBLICO FEDERAL

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