domingo, 15 de abril de 2012

A seca devastadora e o ano eleitoral


O cenário é de desolação no semiárido piauiense. Mais uma vez o agricultor heroico, aquele que sofre com o sol abrasador de todos os dias, acreditou que a chuva fosse cair, que o chão ressequido fosse molhar e que sua rocinha de milho e feijão fosse vingar. No entanto, mais uma vez quis o destino impedir o sonho de brotar. Estiagem no sertão nordestino não é novidade, mas tem anos que ela vem com ainda mais sede de devastar.

Fevereiro, março e abril, em anos de bom inverno esse período é marcado pela colheita, pela fartura e pelo sorriso no rosto do sertanejo. Nesse tempo as roças estão cobertas pela plantação, os animais estão gordos, as águas correm no ribeirão e o interiorano esbanja no rosto sua tradicional animação. Em 2012 quase nada brotou nas roças do semiárido, os riachos não encheram, nas estradas não se formaram atoleiros e até mesmo São José não tem feito jus à fama de milagreiro.

Como todo bom sertanejo, não se deve duvidar da divindade, mas o certo é que a essa altura quase tudo já está perdido. O homem do campo terá mesmo que esperar o próximo inverno. Mas antes disso, nesse ano de 2012, ele terá outra oportunidade de renovar as esperanças de viver em um sertão mais justo e desenvolvido, afinal, se o ano foi de seca no sentido climático, será de inverno no segmento eleitoral. Será
um ano repleto de promessas, de tapinha nas costas, de sorrisos e de muita movimentação por parte da classe política.

Nas pequenas cidades do interior, justamente aquelas que mais sofrem com os danos da estiagem, todos os sertanejos serão cortejados pelos postulantes ao poder. O incansável homem do campo precisará ter altivez nessa hora para tomar a melhor decisão, aquela que honre e dignifique sua alcunha de batalhador, de herói do sertão. O catingueiro precisa mostrar a todos que pode ter perdido a safra, mas que não perdeu a capacidade de ser um cidadão apto a escolher o melhor futuro para sua terra.

A campanha eleitoral já se aproxima. Se até agora não vimos rios de água, certamente veremos rios de dinheiro sendo gastos, e se não houve colheita, haverá muita gente brigando para ser eleita. No meio desse vespeiro haverá cidadãos de bem querendo dias melhores, pessoas que nunca perdem a esperança e que trazem no rosto o orgulho de ser nordestino. Se a labuta dessa gente se renova a cada dia, junto com ela também se regenera o desejo de sorrir, a vontade de ser feliz e o amor pelo que faz.

2012 pode significar o início de transformações para aqueles que aguardam há tanto tempo uma enchente de melhorias. Os futuros governantes precisam olhar melhor para as pessoas que não desistem de lutar
mesmo diante das situações mais adversas. Não basta ser apenas político, é preciso ser mais humano em relação ao próximo e honrar o voto daqueles que trabalham honestamente para garantir o sustento da família. A máquina pública deve ser direcionada no sentido de melhorar a vida de todos, ela está aí para isso, na tempestade ou na bonança, na seca ou no inverno.




GUSTAVO ALMEIDA
ESTUDANTE DE JORNALISMO DA UFPI

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