sexta-feira, 27 de abril de 2012

O Instante


O poeta Jorge Antônio Costa Carvalho (Parnaíba, Piauí, 1951), vem acompanhando as antológicas poesias do século atual. Eis, agora, o seu interessante trabalho sob título: “O Fogo”. “Ascendem chamas... bailam labaredas!/ Fato volúvel, estigma de glória!/ Entre caminhos... trêmulas veredas!/ Castiçais: candelabro d´estória/ “Aflora centelha...

lúcida chama/ Cínulo brilho... ígneo fulgor!/ Cálida se eleva...etérea flama!/ Aquece, irradia ardente calor./ “Enigmas! Fascinantes misticismos!/ Aonde o segredo de tuas cinzas?/ Só eternizas?/ “Sofismas! E múltiplos simbolismos!/ Onde o mistério de tuas asas?/ Sob as tépidas escarlates brasas?”

O poeta Hardi Filho (Francisco Hardi Filho: Fortaleza, Ceará, 1934), no livro “Gruta Iluminada”, 1976, ganhou prestí- gio sob aprovação da Academia Piauiense de Letras (data de fundação: 30 de dezembro de 1917). Escrevendo o soneto: “O Artista”, Hardi Filho aprontou a forja de sua intelectualidade. “No atelier da vida, solitário,/ Somente em comunhão com a fantasia,/ Eu fui o artista que criou miragens/ Para conforto de ânsias infindas./ “Eu fui, também, aquele que traçou/ Forma de vida pelo sentimento,/ O gênio louco que ideou amores/ Para sustento, amparo da esperança./ “Insano escafandrista dos mistérios,/ Fui tradutor das emoções do mundo/ E desenhista da volúpia eterna./ “De pé, trêmulas mãos, olhos insones,/ Fui satanás sedento de domínio/ Fui deus criando e alimentando sonhos!”

O poeta e escritor Francisco Miguel de Moura (Francisco Santos, Piauí, 1933), não esquece as origens do seu nascimento. Foi no Jenipapeiro, a “terra dos espritados”. Na política é que houve a separação territorial para que na vanguarda do progresso, surgisse o atual município de Francisco Santos. Buscando a generosa literatura piauiense, o poema “Militância” colocado no livro de 1970: “Universo das Águas”, levou Francisco Miguel de Moura a desabafar sobre as incongruências cometidas na caserna. Por isso, se efetivou acadêmico no nosso principal sodalício: Academia Piauiense de Letras. “Semente que tentou florir/ Na rocha impossível, aqui,/ Por trás da farda/ De brim cáqui floriano/ Preso na hierarquia/ Por trás do capacete duro/ Uma cabeça ágil,/ Fervente,/ Por trás da violência do escravo (No dever)/ Há um homem ferido e acorrentado/ (Seja paz seja guerra)/ Por trás dos olhos ligeiros/ De lince, de lança/ Há o homem fome,/ O homem faz medo a criança/ Por trás, os olhos feridos/ De distância/ E o comum dia a dia./ Tu vês (por profissão)/ O campo de batalha/ No inimigo-irmão./ Saber ser leal ao dono/ E diferes do cão,/ Embora tudo isto,/ A cachaça e a sífilis/ (E a gota de sangue do coração)”.

Na poesia “O Instante”, o momento de glória do imorredouro Renato Pires Castelo Branco (Parnaíba, Piauí, 1914- São Paulo, 1996). “É um instante/ Esta sensação/ De ter sido sempre/ De ser sempre./ “Esta sensação/ De ser poeira e cosmos/ Finito e infinito,/ Segundo e eternidade./ “É um instante/ Esta sensação/ De momento já vivido,/ De poesia já escrita,/ De palavra enunciada/ De ser Verbo e plasma,/ De além,/ De ressurreição./ “É um instante de glória”.

Na aquisição dos livros históricos que doiram a biblioteca da Academia Piauiense de Letras (data oficial de fundação: 30 de dezembro de 1917), pesquisas foram feitas e todas pertinentes ao devassamento da terra e colonização do Piauhy (grafia antiga que desejamos não macular porque entendemos que “os sertões de dentro” foram conquistados com muito sacrifício). Mesmo havendo horrores no respeitante à matança de índios, existem episódios significativos, verazes e documentados, forrados todos pelo período da ilustre historicidade que conhecemos sem o aperreio da crítica indesejável.



CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

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