quarta-feira, 11 de abril de 2012

O encantador de serpentes


O livro: “O encantador de serpentes e outros vultos ilustrados”, do escritor Antônio de Pádua Ribeiro dos Santos (Parnaíba, Piauí, 1951), é merecedor de leitura atenta. Verdade que não pode ser abolida pela maneira consistente em como ficou preservada a textualização das páginas.

O escritor parnaibano reuniu, em 23 crônicas saborosas, o doce gosto da verdade literária. À primeira vista, parece bizarria. Ou então, espirituosa pela conceituação do arrebatamento. Prática que nos chegou através do sacerdócio dos especialistas indianos em aquietar répteis pela ordenação musical da flauta, instrumento tocado sob ritmo cadenciado. Talvez hipnótico.

Para não ficarmos aprisionados ao espanto, o Pádua Santos tratou de apresentar os personagens do seu interessante livro na condição de arrebatamento. Todos subordinados às peculiaridades individuais de vida. Enredados na ação sedutora da excitação. Provocação para o interesse e pela análise das crônicas referentes aos vultos ilustrados. Sem malícia, mas fundamentado na amizade como velha companheira de lides literárias e advocatícias. Por isso, teve facilidades para escrever corretamente. Pretendendo – é claro -, aprovação dos críticos literários piauienses com respingos nacionais.

Ao empregar metáforas consubstanciadas na palavra sibilina, entendemos que Pádua Santos colocou em cada uma das crônicas, e são 23, o gosto prazeroso que nos leva às ilustrações concebidas pelo genial Fernando (Nando) Antônio Melo de Castro. Inspiração para que as imagens ganhassem corporificação e
se deixassem arrebatar pelo conteúdo prosaico do livro, intuito de justificar a popularidade da obra literária por nós analisada criteriosamente.

E no momento de ousar para legitimar a presença de Alcenor Rodrigues Candeira Filho (Parnaíba, Piauí, 1947) como poeta dos mais influentes na literatura piauiense, Pádua Santos assimilou enlevo musical como satisfação manifestada pelo Alcenor em ser o seu principal coadjuvante. Transpiração afetuosa desse bardo enfeitiçado no elegíaco (versos líricos, cujo tom poético é quase sempre tenro): “A cidade de Parnaíba é o cimento que concreta a minha vida”.

Do cesto como ninho dos ofídios (estampado na capa do livro), o vitorioso escritor parnaibano se colocou como exímio flauteador. Assim, foi em busca doutros espécimes. Figuras e/ou ilustrações consolidando os textos das 23 crônicas, a fim de dar brilho ao conterrâneo Fernando (Nando) de Castro Melo. Consequentemente, proeminência ao título do compêndio que é de fácil leitura e agilizado para compreensão de todos nós.

No concernente à denominada “Operação Peçonhenta”, ressaltou o trabalho da polícia na tarefa de capturar o meliante “Zé Maria da Cobra”, apelido colocado no José Araújo Miranda (a mãe, Maria Cobra e um irmão, o Toin Cobra, também foram parar na cadeia). Daí, a razão entremeada pela lógica, em como Antônio de Pádua Ribeiro dos Santos, íntegro defensor público, integrante dessa complicada pendência, agregou a frase mais distinta que há no mundo jurídico: “Se ser advogado é a mais bela das profissões, a Defensoria Pública é a mais bela das advocacias”.

Por isso, transmudado num encantador de serpentes, deu título à obra literária e, sem perder tempo, juntou ao seu serpentário os mais inteligentes e sedutores amigos existentes aqui e Brasil afora.




CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

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