quarta-feira, 18 de abril de 2012

Eleições para o Creci - A Síria é aqui


Os corretores de imóveis não são simples vendedores, diferentemente do que se possa imaginar. A rigor, tais profissionais que, de princípio, devem gozar de boa formação ética, são obrigados, igualmente, a dominar os labirintos dos financiamentos habitacionais e permanecerem sempre em dia com o cipoal jurídico que envolve as vendas de imóveis, bem como estarem atentos as evoluções e involuções, movimentações e agitações do setor imobiliário. Os inscritos no CRECI devem ser, enfim, o “porto seguro” dos investidores imobiliários. São profissionais, deste modo, importantes na engrenagem econômica do Estado.

Tão ou mais importante quanto cada corretor individualmente considerados são os Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis, autarquias que, na forma da lei n.6.530\78, têm personalidade jurídica de direito público e cuja finalidade precípua é disciplinar e fiscalizar a atuação dos corretores de imóveis. No próximo
dia 18 de abril\12 ocorrerão eleições para o preenchimento do Conselho de Corretores de Imóveis, do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 23ª Região - CRECI, entidade que tem o poder e também o dever de atuar, e atuar bem, em todo o Estado do Piauí.

O citado pleito, que se destina a eleger os dirigentes da importante autarquia, se reveste de um fato por demais conhecido, porém lastimável, e que exibe o funesto desejo pela perpetuação no poder. É que o atual presidente do CRECI, senhor João Batista da Paz Brito, que já se encontra à frente do CRECI há mais de 40 anos, concorre novamente as eleições antes apontadas. Deseja conduzir, por mais quantos anos....., os destinos daquela entidade. E não é só isso: quatro filhos, um irmão e um cunhado compõem a chapa do eterno presidente.

Será, caso os corretores de imóveis venham escolher o pequeno grande Batista, uma administração familiar, caseira e doméstica. No item perpetuação no poder o atual presidente do CRECI, que, segundo consta, anda as voltas com denúncias escabrosas de utilização da entidade em benefício próprio e de sua linhagem,
coloca no bolso Hosni Mubaraki, que passou 30 anos à frente do Egito, esnoba Bashar al-Assad, que conta com apenas 11 aninhos à frente dos destinos sírio, mas perde, é verdade, para o comandante Fidel Castro, que permaneceu à frente do governo cubano por 43 anos.

É cruel, mas este fato está ocorrendo no nosso Piauí e se ajusta perfeito a esculpir, mais uma vez, o nome do nosso Estado no anedotário do Brasil ou, quem sabe, no Guiness Book, compêndio que agasalha os recordes mais curiosos verificados ao redor do mundo. A perpetuação administrativa, notadamente numa entidade que tem personalidade jurídica de direito público é, sob todos os aspectos, nociva: sufoca novas idéias, frustra a acessão de novos líderes e exibe, sem qualquer pudor, apego as eventuais generosidades, que, direta ou indiretamente, chegam por gravidade em razão do cargo, como querem os entendidos no tema. Dentro deste contexto, resulta a seguinte indagação que não quer calar: por qual razão o comando do CRECI permanece, durante tanto tempo, sob a suprema direção de uma só pessoa que, repita-se, segundo se noticia, anda as voltas com denúncias de favorecimentos pessoal? Afastamos, de pronto, a possibilidade
de ausência de consciência política de classe dos filiados do CRECI, que são profissionais de um bom nível cultural; igualmente, não queremos supor que a classe seja tão acomodada a ponto de lhe faltar energias para tentar modificar uma situação estremamente carroida pelo tempo.

O Piauí, tal como o Brasil de Norte a Sul, vive um momento de euforia no setor imobiliário. A mudança é visível. A cada dia novos empreendimentos imobiliários são lançados. A chamada classe “C” ingressou no mercado através do programa estatal “Minha Casa Minha Vida”, realizando o sonho da casa própria. Novas empresas imobiliárias instalaram-se em Teresina, gerando oportunidades de negócios para os corretores. A mudança deve, a bem da categoria, chegar ao CRECI. Para Eça de Queiroz “os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente pelas mesmas razões” (Eça de Queiroz).



NOGUEIRA NETO
ECONOMISTA E CORRETOR DE IMÓVEIS HÁ 34 ANOS

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