terça-feira, 17 de abril de 2012

Agricultura expandida


É alvissareira a reportagem da revista Veja, semanário de maior destaque no país, sobre a agricultura do Piauí. O Estado decola, afirma o título de um texto que destaca uma expansão maior da agricultura de alto rendimento no cerrado piauiense. Contudo, como já exposto por este jornal neste espaço, precisamos avançar no rumo de uma maior expansão das atividades agropastoris para além da fronteira agrícola representada pelo cerrado.

O Estado do Piauí tem pelo menos metade de seu território – 125 mil quilômetros quadrados – no bioma
da caatinga, logo no semiárido. Nessa imensidão de terras moram pelo menos um milhão de pessoas, boa parte delas atingida pela falta de água e um gigantesco contingente afetado pelo revés da economia agrícola.

Então, a questão precisa ser encarada sob o aspecto negocial e econômico. O cerrado do Piauí resulta exatamente dessa visão, porque somente se expandiu a agricultura de alto rendimento naquela região em face da pesquisa agropecuária, que criou cultivares adaptadas às suas condições climáticas e indicou manejo e correção de solo como instrumentos para cultivo de grãos em grandes extensões de terra, com elevado rendimento.

Com tecnologia agrícola e recursos financeiros, pôde-se dar um salto gigantesco na produção e na produtividade agrícola de uma região que até duas décadas atrás somente tinha atividade agrícola no que se chama regionalmente em Bom Jesus e Uruçuí como baixões, que são os vales úmidos nas encostas de serras cujos tabuleiros foram tomados pela soja, o milho, o arroz, o algodão e, mais recentemente, o girassol.

O caminho para o semiárido, com efeito, pode ser o mesmo: mais pesquisa agropecuária, mais uso de tecnologia e de irrigação, uma visão econômica e negocial das potencialidades agropastoris da região. Há, então, uma carência não somente de recursos hídricos, mas de conhecimento tecnológico capaz de transformar o semiárido como se deu no cerrado.

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