sexta-feira, 6 de abril de 2012

Palavras de Cristo


Quando, segundo o Evangelho de João, a Cristo foi pedida opinião sobre se deveriam cumprir o ensinamento judaico do apedrejamento da mulher tomada em adultério, este concitou seus interlocutores a atirarem a primeira pedra, desde que houvesse um entre eles que não fosse pecador como a mulher adúltera.

No mesmo Evangelho, Cristo prega que as pessoas devem conhecer a verdade, porque a verdade as libertará. Trata, então, a verdade como uma categoria de conhecimento da fé e da confiança naquilo que os cristãos agora entendem como a palavra de Deus. Porém, teria essa palavra o condão de servir de guia para outras construções de um conceito de verdade e de ética? Certamente que sim.

Conhecer a verdade no sentido de acolher a fé em si é algo pessoal, nunca coletivo ou social. Essa verdade cristã que liberta o faz pela fé, não pela consciência – esse, sim, um conceito capaz de libertar as pessoas ou de fazê-las conhecedoras dos meios de construir sua liberdade, porquanto não aceitarão passíveis a desmando e a desrespeito ao seus direitos e ao conjunto de leis que os asseguram. Tragamos, com efeito, o conhecimento da verdade como instrumento de libertação das pessoas para o plano secular: quanto mais sabemos o que é verdadeiro, menos temos chance de cair nas armadilhas da vida.

Isso vale para a política, para o consumo sem regras, para o uso de substâncias que podem ocasionar dependência química. Vale mesmo para a construção de amizade e de relações sociais duradouras.

O que é verdadeiro, ainda que não nos agrade, serve para construir uma realidade menos arriscada para nós
e toda a sociedade. Assim, as palavras do Evangelho de João, seja sobre a verdade que liberta, seja sobre a incapacidade de vermos nossos próprios erros – o que é uma forma de mentira – calam fundo naqueles que gostariam de viver em uma sociedade que prima pela ética, pela transparência, pelos bons usos e costumes.

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