terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O pós-seca


Em 190 dos 224 municipíos do Piauí a falta ou irregularidade de chuvas se prolonga por quase dois anos. De toda a safra de grãos deste ano, apenas 5% foram colhidas fora dos 18 municípios que integram a região do cerrado, mais Regeneração. Somente 5% da safra foram colhidos fora desta área e boa parte dela oriunda do cultivo irrigado do arroz, que se concentra no município de Buriti dos Lopes.

Na pecuária, a seca avança impiedosa e destrutiva. Dependendo das fontes de informação, estimam-se as perdas no rebanho entre um terço e metade dos planteis de gados bovino, ovinos e caprinos. Na maioria dos casos, essas perdas representam quase todo o patrimônio de uma família de pequeno produtores.

Não existem cálculos para as perdas, mas elas são grandes o suficiente para impactar negativamente na economia do estado – não apenas neste ano de 2012, mas nos anos que se seguirão em face da dificuldade que os produtores rurais têm encontrado para recompor seus rebanhos, lavouras e pastagens.

Há pelo menos três tarefas nas quais governo e sociedade precisam concentrar suas energias: acudir por agora os criadores, assegurando ração para os animais no semiárido, a baixo custo e, se possível, até com carência de dois na nos – duas temporadas de chuvas – para reduzir as perdas atuais e futuras na economia rural do Nordeste; elaborar ou recuperar projetos para ampliar a rede de estocagem de água na região, sobretudo em áreas onde seja menor a possibilidade de uso de mananciais subterrâneos; abertura de linhas de crédito para recomposição de rebanhos, pastagens e lavouras, se possível com irrigação.

A questão, então, precisa ser vista também sob o aspecto econômico, não apenas social – que é tanto importante quanto urgente. Mas precisamos olhar para os efeitos da estiagem não somente agora. É preciso enxegar mais para adiante, vislumbrar que a volta das chuvas não elimina os danos e a extensão deles sobre a economia piauiense e nordestina, de modo que é necessário ter um projeto de recuperação econômica
do semiárido para quando a seca der trégua.

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