sábado, 10 de março de 2012

E o Rei do Baião brilhou

O Carnaval de 2012 passou, mas o orgulho que encheu o coração dos nordestinos, ao ver a belíssima homenagem da Unidos da Tijuca na Marquês de Sapucaí a Luiz Gonzaga, nosso Rei do Baião, não passará. O desfile promovido pela escola foi marcado pela ousadia e espírito inventivo de Paulo Barros, o carnavalesco que revoluciona os desfiles das escolas de samba no Rio de hoje, mas, principalmente, pela emoção de cantar Luiz Gonzaga, no ano de seu centenário.

Com o enredo “O dia em que toda realeza desembarcou na avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão”, a Unidos da Tijuca foi com justiça campeã pela terceira vez na avenida; a primeira foi ainda no distante ano de 1936 (já apresentando inovação e quando o desfile ainda era realizado na Praça Onze), a segunda ocorreu em 2010, com o enredo “É segredo”, quebrando um jejum de 74 anos sem o título. E em 2012, a escola apresentou um desfile com sofisticação, ousadia e realismo na comissão de frente e em alegorias vivas para contar a trajetória do Rei do Baião, encantando o público no sambódromo.

E, definitivamente, o samba virou espetáculo, sob o ponto de vista do carnavalesco Paulo Barros. Agora, só muita criatividade para vencer a Unidos da Tijuca e sua concepção surpreendente de desfile, que ano após ano torna-se cada vez mais inacreditável.

O talento criativo e revolucionário de carnavalescos como Paulo Barros, celebrado no Rio de hoje, foi incorporado ao Carnaval carioca ainda nos anos sessenta, quando grandes artistas plásticos passaram a
assinar os desfiles. Foi Arlindo Rodrigues, que modificou a concepção plástica e os enredos dos desfiles, que até então abordavam somente temas patrióticos da história oficial do país.

Assim, uma nova concepção de desfile se estabeleceu e artistas como Fernando Pamplona, Joãozinho Trinta, Rosa Magalhães, Fernando Pinto e outros revolucionaram os desfiles cariocas com ousadia e
ideias transgressoras. Do lado de cá não há modéstia. Foi espetacular ver a trajetória do Rei do Baião desfilar na Sapucaí, abrindo o ano de seu centenário. A estrela de Luiz Gonzaga brilhou e permitiu ao público retornar com emoção ao universo do Rei do Baião, das festas juninas e de suas inesquecíveis composições.

O Brasil, o Nordeste e Teresina se preparam para festejar Luiz Gonzaga. Por isso, caro leitor, celebre também, ouça, cante e dance muito arrasta-pé ao som da emoção e da zaga. Toda a realeza coroou o Rei Luiz do Sertão.


ANGELY COSTA CRUZ
BIBLIOTECÁRIA

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