segunda-feira, 26 de março de 2012

Dois bons momentos


Ontem nas capitais brasileiras que são extremos - Teresina, uma das mais pobres, São Paulo, a mais rica – e em partidos que se digladiam – o PT na capital do Piauí, o PSDB, na capital paulista – assistiram-se a dois momentos similares de democracia partidária. Aqui, o PT escolheu pelo voto direto o rumo que adotará na eleição municipal. Na capital paulista, os tucanos decidiram o candidato que vai concorrer à prefeitura, disputando justamente contra o PT.

É positivo que, mesmo pontualmente, dois dos maiores partidos brasileiros estejam reforçando seus mecanismos internos de democracia. Isso certamente poderá despertar nas pessoas um sentido de maior participação na vida dos partidos, que no Brasil sempre foram cartórios ou instâncias meramente burocráticas, quando não algo pior: um guichê para ser alugado. É certamente muito pouco para se comemorar a realização de dois eventos de consultas a filiados, mas é um bom começo. O PT tem uma tradição de consultas diretas aos seus eleitores. Entre os tucanos essa é uma novidade. Mas os dois partidos poderiam estimular mais esse tipo de ação, porque isso não serve apenas para reforçar os partidos: é um estímulo a que mais pessoas se interessem pelo processo político – sobretudo jovens, que podem ser um diferencial positivo de transformação.

É evidente que os partidos não podem melhorar suas estruturas e estimular a militância apenas com processos eleitorais. Discussões internas precisam também ser recorrentes e nesse ponto mesmo o PT, que sempre fincou raízes no debate, tem sido menos eficiente. Assim, quanto mais as instâncias partidárias e organizações ligadas ao partidos – como as fundações e os institutos – se moverem rumo a debates, mais
o país vai sair ganhando e a democracia será reforçada.

É preciso ter a esperança de que os partidos políticos brasileiros se movem atualmente na direção de serem organizações mais abertas ao debate, com uma hierarquia que respeite a militância e com a disposição de deixar a zona de conforto de serem entidades amorfas, que funcionam apenas para os pleitos eleitorais.

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