No início da semana o Ministério dos Esportes divulgou o nome dos esportistas contemplados com o Bolsa-Atleta, beneficio que serve para auxiliar na promoção e desenvolvimento de atletas brasileiros com grande potencial e poucos recursos. A novidade desse ano vai de encontro justamente a essa tese: os grandes e famosos atletas, patrocinados por marcas gigantes, bem capitalizadas, também estão entre os contemplados.
O ministro Aldo Rebelo explicou que o benefício serve também como “um gesto de reconhecimento da sociedade ao esforço, à disciplina, persistência e à superação do atleta”. Faz sentido. Um atleta que traz títulos para o país, que coloca o esporte brasileiro em um pódio, merece todo reconhecimento que for dado a ele.
No entanto essa modificação não parece justa. Direcionar recursos de incentivo ao esporte para atletas como Maurren Maggi ou Fabiana Murer, é deixar de investir em um atleta com muito potencial sem dinheiro para conseguir participar de competições e se profissionalizar.
A realidade do esporte brasileiro ainda é muito desoladora. Sem contar o futebol, que abocanha a maior parcela das empresas interessadas em patrocinar o esporte, são poucas as modalidades que possuem bons patrocínios. Na verdade, são poucos os clubes ou atletas que conseguem financiamentos desse tipo. E é do poder público que vem os (parcos) recursos que ainda dão gás para que alguns possam continuar na busca pelo sucesso.
Na verdade, temos que admitir, o problema vai bem além disso. Mesmo atletas com ótimo desempenho, como a piauiense Sarah Menezes, têm dificuldades em conseguir um patrocinador. Então, por que entregar recursos tão preciosos do poder público para alguém que já conta com a infraestrutura de um grande clube ou estampa uma grande marca famosa no peito?
Analisando de um modo geral, o esporte brasileiro ainda engatinha quando o assunto é excelência e profissionalização da maioria de seus atletas. Os bons resultados em competições como Olimpíadas e Pan-americanos são quase que exclusivamente méritos dos atletas. Nesse caso todo incentivo que puder ser aplicado no esporte sem recursos da maior parte do Brasil, mais chances temos de conseguir dar maiores saltos nessa competição.
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