quarta-feira, 14 de março de 2012

Mulheres de burca


A condição da mulher no mundo inteiro muda de acordo com os aspectos cultural, econômico e religioso. Quando tudo isso se mistura, às vezes, sob o olhar estrábico do machismo e da intolerância, a tendência é que o tratamento dado pelos homens às mulheres passe a ser mais desumano. Nascer mulher no Afeganistão (ou em muitos países muçulmanos), é nascer subordinada às piores condições de tratamento que um ser humano em dias atuais pode experimentar. Os direitos essenciais à própria sobrevivência do gênero são negados, embora as autoridades no Afeganistão jurem que ‘as mulheres têm todo o direito de que necessitam para ter uma vida digna’. Mas dignidade ali passou foi longe!

À mulher afegã resta agradecer a Alá por servir a um homem, rezar, cuidar dos filhos e da casa e nada mais. 95% dos homens afegãos acham que espancar mulher não é crime, contra menos de 8% dos homens ocidentais, isso, é claro, em países desenvolvidos. Tudo o que o homem faz com a mulher contra a mulher afegã dentro de casa - espancamento, estupro ou assassinato, ou tudo isso junto - não é da conta de ninguém. É coisa de marido e mulher.

Humilhação, submissão e injustiças estão no cotidiano da maioria absoluta daquelas mulheres. Só no ano de 2009, mais de 200 mulheres atearam fogo no próprio corpo (autoimolação), dando ou tentando dar cabo
à própria vida, por causa da violência sofrida dentro e fora de casa.

A justiça, embora exista, é injusta demais na proteção da ‘moral social’. E na tentativa de salvaguardar a sociedade dos ‘maus exemplos’ cometidos por mulheres, a justiça e a sociedade (inclusive outras mulheres), agem de forma severa demais para punir aquelas que se desviam das leis do céu e da terra. Mulher acusada de traição conjugal (zina), passa p or humilhações, é presa por anos e até a sogra tem o direito de espancá-la até a morte. Mulher é proibida de usar maquiagem, de andar na rua desacompanhada de um homem, e tem que aceitar e respeitar a segunda, terceira e até a quarta esposas do marido. Poucas têm acesso à educação. Meninas ainda, com 8,9,10 anos de idade são vendidas pelo pai para casamentos, sem ter o direito natural
de passar pela infância. Se ela, por infelicidade, não der à luz a um filho homem, pode até ser expulsa de casa. A burca, que cobre os corpos das mulheres afegãs da cabeça aos pés é indumentária obrigatória, que além de cobrir seus rostos, cobre também as marcas dos hematomas e da insensibilidade de um povo.

As mulheres brasileiras não usam burca e vestem-se de acordo com a sua conveniência. E a sua ascensão - ao contrário das mulçumanas - é notória. Elas galgaram e já alcançam grandes e importantes postos, tanto no serviço público quanto no privado. E a mulher só não ascendeu ainda mais no Brasil por conta da insegurança e preconceito de muitos homens, que preferem escravizar em vez de apoiar; que preferem espancar em vez de dar carainho e proteção; que veem a mulher como ameaça e não como aliada e companheira para todas as horas. A violência contra a mulher no Brasil não pode nem de longe ser comparada à violência contra a mulher no Afeganistão, mas o machismo e a covardia de homens de lá e da cá, são, infelizmente, iguais.



VIDAL CARVALHO
SOLDADO DA PM/PI

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