sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Rosas

O notável Jônatas Batista (Natal, hoje Monsenhor Gil, 1885-São Paulo, São Paulo, 1935), escreveu significativo soneto, elogio feito ao trabalho da aranha, conhecido aracnídeo da biologia geral (estudo
dos seres vivos como um todo, sem particularização animal ou vegetal). “Estende o fio fino e a fina trama tece/ A diligente aranha, em contínuo labor.../ E a trabalhar, assim, naturalmente esquece/ A atormentada lida – o sofrimento a dor./ “E, vai e vem e volve e, em volteios, parece/ Que uma dança executa, em medido vigor.../ Por fim, se imobiliza ou finge que adormece,/ À carícia da luz, no mórbido calor.../ “O cérebro trabalha – o pensamento é a teia/ Que se estende, se liga e prende e se
enrodeia,/ Em torno dessa oculta e delicada aranha.../ “O poeta, em fios de ouro, as malhas urde e tece.../ No labor que o fascina, a própria mágoa esquece/ E, apenas, a sorrir, moscas de luz apanha...”

O imortal Júlio Antônio Martins Vieira (Teresina, Piauí, 1905-1984), ferino na crítica literária, buscou na poesia o triunfo necessário para conseguir a láurea de vencedor. Assim, em quatorze versos, dissertou a qualidade da pedra preciosa conhecida como rubi. “Rubríssimo cristal aceso, ensaguentado,/ Reverberando ao sol, pelas faces polidas,/ Lembra o rubi a guerra, o sacrifício
e as vidas/ Envoltas num fragor hostil, desesperado.../ “Porque resulte assim lágrimas compridas,/ De dor, de provação, do mais pungente fado,/ Congrega tantos ais num glóbulo encantado,/ Que verte sangue e luz das lâminas feridas./ “Das rosas triunfais ardentes e vermelhas,/ Arrebatando o sumo, espinhos e centelhas,/ Ruborizou-se a gema, em purpurinho efeito./ “Tingiu-lhe o poliedro a rubra cor do vinho/ Que faz tremeluzir o aspérrimo caminho/ Do esforço universal em busca do direito”.

O poeta José de Almeida Paz (Campo Maior, Piauí, 1924-1967), ressaltou o trabalho do relógio comparando o objeto à lida humana diária. “Na parede o relógio silencia,/ Mas o que trago dentro do meu peito,/ Em qualquer hora, seja noite ou dia,/ Esteja eu triste, ou esteja satisfeito,/ ”Trabalha sempre ativo na porfia/ De se mostrar que a vida está sujeito,/ Enquanto ele bater tenho a alegria/ De saber que inda vivo, e deste jeito.../ “Na parede o relógio, para andar,/ Espera a corda que lhe venham
dar,/ Controlado é, portanto, em sua lida.../ “Mas o relógio humano inatingido,/ Uma vez só na vida vai suprindo/ E também para uma só vez na vida...”

A poetisa Devaneide Maria Oliveira de Carvalho (Teresina, Piauí, 1968), especializou-se em Língua Espanhola pela “Escuela Internacional de Español, em Barcelona, Espanha. Renomada versejadora,
escreveu “Rosas”, poesia de valor literário inconfundível. “Todas as rosas/ Têm o sonho/ De, um dia,/ Serem colhidas/ Com amor./ “Às vezes, algumas são pisadas/ E morrem esquecidas/ Em completa
solidão/ “Outras são abatidas pelo tempo/ Ou levadas pelo vento./ Muitas ficam abandonadas/ Pelo chão/ “As rosas/ Tão macias e delicadas!/ Não merecem ser maltratadas/ “Todas as rosas/ Deviam
ser colhidas/ Com amor”.

Os estudos antropológicos realizados por cientistas que recebem orientação de Niède Guidon (reconhecida internacionalmente), merecem ajuda financeira. O Governo do Piauí não garante recursos que possam aumentar o acervo patrimonial do Museu do Homem Americano. A Prefeitura
de São Raimundo Nonato, Piauí, não possui reservas financeiras; por isso, tem recuado diante dos problemas que afetam seriamente os sítios arqueológicos da Serra da Capivara. O refrão: “Piauí, Terra Querida”, está pregado somente no papel da propaganda governamental (sic). E, assim, a situação na Serra da Capivara agravou-se a tal ponto que, por várias vezes, Niède Guidon apresentou provas de que não é mais possível suportar o desprezo dos políticos que se interessam por questões pessoais.
Tentando renunciar para que o apelo sensibilizasse os senhores feudais da nosso berço natal, eis que a diligente senhora – aos trancos e barrancos -, tem redobrado esforços para que o Piauí não perca os mais primorosos vestígios da primeira identidade humana nas Américas.


CARLOS SAID
JORNALISTA E PROFESSOR

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