sábado, 10 de dezembro de 2011

O país da imprevidência

Em janeiro completa-se um ano da maior tragédia natural que se abateu sobre o Brasil: os gigantescos deslizamentos de terras na região serrana do Rio de Janeiro, que causaram quase 850 mortes, destruíram boa parte da infraestrutura da região e seguramente deprimiram a economia daquela área do estado fluminense por uma boa quantidade de anos.

O que ocorreu no Rio poderia e deveria servir de paradigma para uma nova política brasileira de prevenção de catástrofes naturais, bem assim para o enfrentamento de problemas delas decorrentes.
Mas o que ocorreu nos onze meses que se seguiram à tragédia na região serrana do Rio? Uma ausência de ações que minimizem o sofrimento das pessoas e minimizem problemas futuros.

Além da inépcia na recuperação de áreas afetadas por desastres naturais, o Brasil caminha a passos lerdos na construção de protocolos para ações emergenciais em razão de intempéries. Do mesmo modo, planos de contingência e logística são uma realidade distante e o país segue improvisando ou se
valendo de modelos que não se prestam mais diante de uma realidade nova: a de que as mudanças
climáticas podem ser causa de eventos climáticos cada vez mais severos.

O Brasil segue um país onde a imprevidência anda mais presente que ações preventivas necessárias em face de haver sempre possibilidades de eventos climáticos ainda piores. Sabe-se desde sempre que a maior cheia é a que estar por vir, conforme uma norma simples utilizada pela Engenharia. Isso sabido e tendo-se um calendário e conhecimento de modelos matemáticos para antever grandes intempéries, não se pode admitir que o estado brasileiro seja sempre surpreendido pelos desastres
naturais.

As chuvas de janeiro estão por chegar e elas certamente virão, porque é natural que isso ocorra. Então, pode o país, mais uma vez, experimentar a situação desconfortável de vir populações desalojadas e desabrigadas – fruto de nossa cultura administrativa que se reconforta na imprevidência.

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