sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Mais com menos

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, está entre os mais sensatos membros do primeiro escalão do governo da presidente Dilma Rousseff. Enquanto para a maioria a solução para a saúde é aumentar o avanço do Estado sobre o bolso do contribuinte, Padilha pontificou que se o dinheiro é de menos faz-se necessário fazê-lo render mais, o que consiste em melhor gestão ou em um ato simples, porém muito difícil de ser realizado: gastar menor e gastar bem.

Anteontem, o Senado aprovou a lei que regulamenta os gastos públicos com saúde. Por 65 votos contra 4, os senadores retiraram do texto a brecha para que no futuro pudesse ser criado o novo imposto, a CSS (Contribuição Social à Saúde). O Planalto apoiou a iniciativa, o que demonstra a disposição tanto do ministro quanto da presidente em melhorar a gestão em vez de ampliar a tributação.

A decisão de não criar um novo imposto faz bem ao país, sobretudo em um momento de crise, quando é necessário melhorar a competitividade do país – o que passa por menor custo de impostos e eficiência dos gastos públicos. Neste sentido, é prazeroso saber que há no Ministério da Saúde alguém disposto a aplicar de modo eficiente cada centavo que o público deposita naquele cofre específico.

Mas mesmo que o ministro Padilha esteja disposto a aplicar os recursos parcos para a saúde, ele precisa vencer uma batalha que se espalha pontualmente por todo o pais. Em áreas como Saúde e Educação, há milhares de ralos por onde se desperdiçam recursos públicos. Assim, mais do que uma meta objetiva e com data para ser alcançada, o ministro – e de resto todo o governo – precisa criar uma cultura de gestão eficiente, algo que passa pelo reconhecimento do mérito, um ponto fraco na cultura corporativa do próprio Estado brasileiro e que é rejeitada pela cultura clientelista comum a todos os partidos políticos.

Há, porém, esperança de que o país avance rumo a uma situação de recorrência na eficiência do gasto público. Ela está presente na propensão do Senado a não acatar um novo imposto ou de o próprio governo robustecer seus mecanismos de controle interno, além de iniciativas como a do ministro Padilha, que quer fazer mais com menos na área da saúde.

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