terça-feira, 29 de novembro de 2011

Um grande manancial


O ufanismo festivo dos brasileiros quer fazer crer que o Brasil é a grande reserva de água doce da Terra. A classificação até que é boa pois aproximadamente 12% dela estão aqui e já houve evolução na gestão de recursos hídricos com a criação da ANA e sua sobrevivência ao ataque permanente do “lulismo de resultados” que não consegue trabalhar com regulação, afinal, para salvar o mundo bastaria um líder político.

Ainda bem que não é assim quando se trata de meio ambiente e uso de recursos hídricos. Para estes setores não há discurso político que resolva sem gestão, o que significa ter planejamento, controles e gestores capacitados para executar a associação do atendimento das demandas da sociedade com a sustentabilidade do recurso que se deseja utilizar.

Um sistema eficiente de gestão na área de recursos hídricos é imprescindível, pois sua relação direta com o saneamento cria uma cadeia de processos onde não há espaço para amadorismos profissionais ou sonhos ideológicos. Submersos no mundo da propaganda política, os brasileiros são levados a acreditar que o PAC é a solução para todos os déficits que existem no setor de abastecimento de água, por exemplo.

Esta mesma máquina pública de divulgação mostra o Nordeste como um lugar onde até parece que nem chove e deixa de informar que nesta região, da reserva de água doce disponível no Brasil há 3% para atender uma população de 28% da total do País e que no Sudeste, 46% da população dispõe de 6% das reservas ou no Sul onde 6,5% das reservas deve atender a 15% da população. Disponibilidade só no Norte onde 7% da população ficam com 68% de toda reserva hídrica do Brasil, porém em Manaus não há 100% de abastecimento de água!!!

A solução para o problema da falta de água em zonas rurais e urbanas não está só nos planos de investimentos, necessários, porém insuficientes se não estiverem antes e depois acompanhados de princípios e atitudes gerenciais que tenham como foco central a universalização do atendimento de acordo com a sustentabilidade econômica, social e ambiental do serviço.

Um grande exemplo de como se pode atender mais e melhor a população com serviços de abastecimento de água é a redução das perdas, uma atividade estritamente gerencial que utiliza visão empresarial, competência de técnicos, tecnologias, atitudes comerciais na venda dos serviços e relação com clientes, inovação e busca de parcerias entre empresas públicas ou privadas para fazer com a melhor relação custo x benefício serviços que resultam no aumento da oferta de água sem implicar em novas obras.

O Dr. Gesner Oliveira, economista e grande estudioso do setor de saneamento, tem razão quando afirma que o grande manancial de água doce e tratada disponível no Brasil são as perdas nos serviços de abastecimento de água públicos e privados. Assim, para aproveitar esse manancial e proteger nossa reserva de água doce é imperioso ter serviços de saneamento bem administrados.




ENG. CIVIL ÁLVARO MENEZES
DIRETOR NORDESTE DA ABES

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