terça-feira, 29 de novembro de 2011

Partidos fortalecidos


O fortalecimento dos partidos políticos sempre foi colocado como premissa para aperfeiçoamento da política e melhoria das instituições como o Congresso Nacional e outras casas legislativas. Mas fortalecer nem sempre significa melhorar. Infelizmente, alguns acontecimentos parecem indicar que estamos caminhando para partidos fortes, mas não partidos melhores.

O exame é simples: com o estabelecimento de fidelidade partidária e o financiamento dos partidos por dinheiro público (o fundo partidário), passou a ser importante o controle das máquinas partidárias. Se prevalecerem ideias como o voto em lista fechada – defendido ardorosamente pelo PT – o controle das burocracias nos partidos será essencial para os caciques.

É claro que fidelidade e recursos tornam os partidos mais fortes. Eles podem ampliar número de filiações e procurar ocupar mais espaços nas casas legislativas e nos executivos estaduais e municipais. Mas se isso faz com que haja partidos fortes, nem sempre se pode dizer que concorre para criar partidos melhores.

Examinemos o caso do Partido dos Trabalhadores e do PSDB. O primeiro nasceu sob um discurso e uma prática de democracia interna e participação efetiva da militância. O segundo propugnou o parlamentarismo e a ética que afastou seus fundadores de um PMDB que se transmutara em uma federação de partidos regionais.

Os dois partidos perderam o discurso e mudaram a prática. O PT se fortaleceu, mas não melhorou. O PSDB se enfraqueceu e piorou.

O que poderia melhorar, então, os partidos no Brasil? Uma efetiva participação das pessoas na vida partidária, como ocorreu no PT dos primeiros tempos, o que não apenas oxigenou a política como fez dele uma agremiação partidária ainda hoje respeitada, mesmo após sucessivos escândalos.

Se a participação das pessoas é o oxigênio que vai dar uma vida melhor aos partidos, as cúpulas partidárias preferem o veneno de uma militância contida. Isso ocorre porque nas cúpulas partidárias brasileiras estão homens e mulheres com elevada média de idade e pouca disposição para ceder espaços de poder ou, menos que isso, permitir que seus espaços de poder sejam disputados por gente mais jovem e ousada.

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